A vida em grupo não anda lá estas coisas: gente que fala no cinema, que chuta a cadeira, que para o carro engarrafando o trânsito… Gente que, quando reclamamos, nos fita com os olhos embaçados, ocos como se nada houvesse além de retina e um buraco vazio atrás daquela janela para a alma…
Parece uma corrida desesperada para obter vantagem, para sentir-se um pouco mais do que o outro, para viver alguma glória vazia… Mesmo que o preço disso seja fazer papel de imbecil!
Entramos no teatro calmamente e encontramos pessoas sentadas em nossas cadeiras, os números ímpares de cinco a nove na fileira C.
– Desculpe senhora, esta é a minha cadeira, C7…
E lá vem aquele olhar de quem é incapaz de abrir uma porta por não conseguir deduzir se a maçaneta gira para a direita ou para a esquerda. As desculpas infantilizadas que jogam a culpa em alguma autoridade adulta e ficam totalmente ridículas em uma senhora de quase sessenta anos.
E a pobre mulher se fez passar por toda esta humilhação apenas para sentar duas cadeiras mais ao centro do que realmente deveria!