Em quase três anos de blog nunca fiz um post especial para o meu aniversário, que é hoje a propósito.

Quando tinha 11 anos encostei na porta do banheiro enquanto minha mãe escovava os cabelos, era véspera do meu aniversário, e lhe disse “Mãe, puxa! Amanhã faço 11 anos!” e tinha na voz o tom de quem sentia que já se entendia como adulto. Lembro bem da cena e da sensação. Foi a última vez que comemorei aniversário.

Pelo menos até os 18 anos.

Duas amigas me convenceram a comemorar e fiz uma grande festa para cem, duzentas pessoas, nem lembro e todos se foram, menos aquela que viria a ser minha esposa e fiel amiga até hoje, passadas duas décadas.

Precisei de todo esse tempo para entender melhor por que não gosto de aniversário. Nada relacionado a sentir-se velho, afinal ainda sou muito novo.

Em primeiro lugar o dia em que nascemos é importante demais para nos cercarmos de estímulos que impedem a reflexão. Já temos o ano todo para ver os amigos e se deixamos para vê-los apenas dois ou três dias por ano talvez não sejam nossos amigos e não valha a pena encontrar com eles: aniversário é momento de reflexão, ao menos para mim.

Este ano descobri outra coisa que me incomoda.

Nada demais aconteceu este ano para que seja feita uma festa para mim, sou uma pessoa como qualquer outra, com desafios e conquistas semelhantes, porque então juntar um monte de gente ao meu redor só porque foi num dia como este que eu nasci? Sempre me senti estranho nos meus aniversários e agora entendi que boa parte disso é essa coisa de todos ficarem me dando parabéns sem que tenha algo a ser parabenizado.

Devo ser vulcano, deixa para lá! Melhor agradecer a todos os amigos que mandaram seus votos de feliz aniversário enquanto eu mergulhava nos meus pensamentos, leituras e escritos. Acreditem, alguns de vocês realmente me emocionaram.