Quando era pequeno fui na Argentina com meus pais, viagem feita de fusquinha para ver neve em Bariloche. Lembro que nevou mesmo, mas nevou tanto que não pudemos continuar viagem ficando presos em Buenos Aires… Só aos vinte e tantos anos vi neve pela primeira vez quando cheguei em New Orleans.
Lembro que era uma terra bonita, clima bem frio e edifícios que pareciam falar conosco de tão antigos e imbuídos de personalidade, mas foi o povo que mais deixou lembranças.
Era uma gente hospitaleira, risonha que acendia os fósforos esfregando-os na sola dos sapatos, se vestia bem e tinha prazer em mostrar sua terra para os visitantes.
Muitos anos depois passei novamente por lá a trabalho, umas três dêcadas tinham passado e as ruas já não eram mais tão alegres, nem o povo tão risonho, mas eu também já não era uma criança e via o mundo com outros olhos.
Falei sobre tudo isso só porque lembrei hoje que os argentinos acendiam seus fósforos nas solas dos sapatos e eu achei isso o máximo! Cheguei a trazer uma daquelas caixas mágicas para o Brasil e de vez em quando acendia um no mármore da janela…
Aos olhos daquele menino que eu era o mundo não tinha fronteiras, afinal fui até lá de carro e não vi nenhuma linha ou muro, só um tipo de chancela. O que importava é que cada povo tinha uma mágica própria que eu adorava descobrir!
Odeio fronteiras…