Atenção: Eu não sou qualificado para ajudar quem está tendo impulsos suicidas. Eu só relatei os que eu tive quando era adolescente, há quase 30 anos. Se você tiver esses impulsos procure auxílio, fale com alguém em quem você sinta que pode confiar.
Dois anos atrasado fiquei sabendo da história do Yoñlu em um artigo da Aplauso e depois nesse artigo mais completo na revista época.
Sou um Yoñlu que não se matou.
Decidi confessar isso na esperança de que alguém que procure por dicas, sugestões, instruções ou informações de como se matar acabe caindo aqui e descobrindo que vale a pena sobreviver!
Yoñlu era um rapaz de 16 anos, inteligente, sensível e talentoso, mas é difícil entender o mundo quando se é assim. O talento é a exceção e a sensibilidade um ato de coragem e força quase incomensurável.
Sim! Coragem e força! Pois sensíveis somos, ou seríamos, todos nós. No entanto o mundo que vemos hoje se apresenta repleto de horrores diante dos quais a maioria se entrega ao ódio e desejo de vingança demonizando o mundo e se dessensibilizando. Quem enfrenta a dor do mundo tem que ter força.
Lembro bem de como me sentia impotente diante de um mundo que não poderia se tornar melhor, em que as pessoas só pensavam nelas mesmas enquanto a sociedade e meio ambiente se encaminhavam ao caos.
Em fitas cassete eu gravava meu desespero chorando. Eu tinha entre 11 e 14 anos. Hoje tenho mais de quarenta.
Além de me preocupar com o mundo eu era sozinho. Ninguém mais lia ou se preocupava com as coisas que ocupavam os meus pensamentos. Me apaixonei várias vezes em silêncio pois tinha certeza de que a outra pessoa não entenderia o meu mundo.
Talvez eu tivesse me matado, certamente tive vontade várias vezes.
Pode ter sido o acaso que foi me levando, pode ter sido por NÃO ter encontrado grupos de ajuda ao suicído ou ainda a influência de algumas coisas que li como Senhor dos Anéis e que me deram alguma razão para continuar… Teve outra coisa.
Curiosidade! Eu sempre quis saber o que ia acontecer em seguida. Posso ter aprendido com Senhor dos Anéis a continuar mesmo sem esperanças e a encarar o desespero como algo maliciosamente inserido na gente por alguém (pode ser um pensamento) com língua de cobra, mas foi a vontade de ver o que viria a seguir que me deu razões para continuar.
Nem sei se alguém pensando em suicídio chegará aqui, muito menos se lerá até este ponto, teria muito mais a falar como as dificuldades com os meus pais e como foi importante conhecer quem conheci aos 18 anos, mas este post já está mais longo do que eu gostaria… Só preciso falar em mais uma coisa…
Nunca quis me matar para castigar alguém ou dar uma lição em alguém, eu queria era interromper a dor, mas tem muita gente que pensa nisso. É um outro universo do qual não posso falar muito, mas sei que não dá certo pq a grande maioria das pessoas enfrenta a dor se esquecendo dela e nem se destrói, nem aprende nada.