Estou ali na orla de Copacabana, uma das mais cobiçadas festas de fim de ano do planeta. Os poucos amigos que estão comigo não se importam, com isso, eles tem uma alegria muito mais profunda, eles estão mergulhados na catarse da virada do ano. Aliás junto com mais 2 milhões de pessoas!

É um lindo espetáculo de se ver. Os fogos até são legais, no entanto me parecem algo apagado, vazio e sem significado. A liberdade das pessoas que, por algumas horas, se despem de todos os pesos do ano que termina tem um brilho incomparável!

Claro que há comportamentos repreensiveis aqui ou ali, mas nada disso muda o fato de quase todos ali estarem com o mesmo brilho.

Uns dançam, outros se embriagam, há os que pulam com os amigos gritando votos para o novo ano: amor! Felicidade! Feliz Ano Novo! Tem, claro, os que fazem seus rituais mágicos ou religiosos, esses também tem o brilho da liberdade nos olhos, assim como o casal extremamente jovem que executa uma dança de poder e sedução escondidos dos olhares da família e dos amigos.

O ano novo é, todos devem concordar, uma grande catarse. Parecida com o Carnaval.

Mas não para mim.

Esse é um blog, então farei minha confissão “querido diário”: eu não como demais, não bebo demais, não me libero ou me liberto, não me entrego às minhas emoções, pelo contrário, é quase impossível para mim sentir o que as pessoas à volta estão sentindo. Nem mesmo tenho vontade de me sentir desse jeito.

Bem, não sou sempre assim, é bem mais forte nessas festas (Natal, réveillon e aniversário).

Continuando no estilo blog pessoal…

Tive uma infância de emoções difíceis, já nos meus 8 ou 9 anos buscava no Spock de Jornada nas Estrelas o modelo para o controle dos sentimentos.

Talvez tudo se resuma a traumas mal resolvidos, mas costumo dizer, e consigo convencer ao menos a mim mesmo, que simplesmente prefiro aproveitar esses momentos para refletir já que, no resto do ano procuro viver livre. Talvez não livre no sentido de me entregar às emoções, mas no sentido de manter a mente livre.

E pensar que estou escrevendo isso depois de passar o sábado pensando em uma mensagem de ano novo que diria (e é verdade) que nos últimos anos tenho visto que de perto todos nós somos brilhantes e temos qualidades espetaculares e por isso não estava conseguindo escrever uma mensagem para cada pessoa, mandar um SMS, email ou dm para cada um dos meus amigos de vida, de trabalho, de lazer ou de alma.

Todos merecem meu profundo carinho e respeito.

É claro que há uma meia dúzia que são muito mais importantes para mim do que os outros, mas ainda assim me pareceu injusto privilegiar esses amigos.

Provavelmente estou errado e devia ter passado o dia escrevendo coisas especiais para uma 30 ou 40 pessoas que estiveram muito próximas ou foram muito importantes para mim em 2011.

Quem sabe ainda não farei isso ao longo do ano?