A falta que faz a metodologia científica…
Uma pesquisa sobre efeitos de jogos violentos publicada na Time é um bom exemplo.
Dizer que jogos violentos alteram o funcionamento dos centros de atenção, inibição de emoções etc é como dizer que fazer exercícios acelera o funcionamento do coração.
Concluir a partir disso que exercício faz mal ao coração é uma falácia (falha lógica).
É importante lembrar que nós humanos somos animais programados ao longo de milhões de anos para reagir fisicamente aos desafios (correr, atacar) e que hoje somos expostos a desafios que exigem respostas mentais (compreender, explicar), mas nosso corpo continua se preparando para correr ou atacar quando estamos diante de um problema. É necessário permitir ao corpo o alívio dessa necessidade. De preferência através de esportes, mas jogos virtuais são uma alternativa.
A Bianca Rocker me chamou a atenção para o fato das pessoas acharem que “alterar o funcionamento do cérebro” é algo ruim ou talvez exclusivo de jogos eletrônicos. Não é.
Tudo que fazemos altera o funcionamento do nosso cérebro. Se jogamos paintball ou um jogo eletrônico violento provavelmente teremos as mesmas áreas do cérebro ativadas para atender às necessidades do jogo: atenção mais dispersa para ouvir ruídos atrás de nós e perceber movimentos na área de visão periférica, menos raciocínio e mais reação por reflexo, menos empatia para não vacilar na hora de puxar o gatilho.
É bem possível que algo bem semelhante ocorra em uma partida de futebol e até no jogo de ping-pong (nesse caso tirando a atenção que passa a ser muito focada).
Deduzir que exercitar algumas habilidades e capacidades do nosso cérebro e corpo diminui outras é mais uma falácia ao meu ver.
Pessoalmente estou subjetivamente (pois nunca vi uma pesquisa confiável sobre isso) convencido que os jogos virtuais violentos são positivos para a grande maioria das pessoas, só não são melhores que os jogos reais (artes marciais por exemplo) que também trazem benefícios físicos.
A propósito há pessoas tão pacíficas que só conseguem atender às suas necessidades instintivas de resposta violenta às dificuldades em ambientes virtuais onde sabem que não estão realmente ferindo ninguém.
Por tudo isso acho a matéria da Vexame, digo Exame sobre a influência dos jogos violentos em nossos cérebros muito ruim, péssima mesmo.