Aviso: quase esse post foi escrito “gatilho” não era um fenômeno bem conhecido. Estou acrescentando esse alerta anos depois para avisar que o texto abaixo fala de uma paixão obsessiva e suicida.

Para muitas pessoas a vida não é a coisa mais preciosa que nós temos. Para muitas pessoas há um lugar muito melhor que a vida nos esperamos depois que morremos.

Essas pessoas provavelmente terão algum tipo de compaixão ou pena de mim e acharão romântica a história do homem que decidiu destruir o maior tributo à vida da mulher que ele amou: sua própria vida.

A Maffalda me enviou a história por email, mas percebi que devia responder com um post pois há muitos que se matam ou vivem à espera da morte e me parece que, mesmo que existam deuses, paraísos ou mundos espirituais maravilhoso, se os deuses nos quisessem lá não estaríamos vivos e portanto a vida é mais sagrada do que qualquer dimensão sobrenatural. E, claro, se não existe nada disso então a vida é simplesmente a única coisa que nós temos realmente importante pois sem ela não podemos desfrutar e ajudar a construir a história do Universo.

A história para mim é muito triste. A esposa do sujeito morre, ele decide se suicidar, mas se lembra que ela uma vez lhe perguntou se Romeu teria se matado se esperasse 1000 dias para fazer isso em vez de fazê-lo ainda sob o efeito da emoção de ter Julieta supostamente morta em seus braços (aqui estava o link para 1000 Days: a Postmodern Man Curates His Own Suicide, mas o site não existe mais).

Ele decide provar que amava mais sua esposa do que Romeu amava Julieta, aliás ele decide provar que a amava mais do que ama o mundo e passa 1000 dias aproveitando o que supostamente haveria de melhor na vida e depois se suicida.

Com ele foi-se embora o maior testemunho de como sua esposa era maravilhosa. O que ele fez foi matá-la mais uma vez.

Eu já perdi algumas pessoas importantes, perderei outras com certeza e… uma parte egoísta de mim prefere morrer antes das pessoas mais importantes, mas eu realmente prefiro ser o úlitmo pois tenho fortemente gravado em minha mente, consciência – ou alma se vc preferir – que a vida é o maior tributo ao amor, o único tributo ao Universo.

Cada vez que perco alguém importante para mim sinto que devo viver mais plenamente em memória dessas pessoas e, se realmente eu perder aquelas duas ou três pessoas mais importantes do que todas as outras creio que me lançarei em uma jornada também, mas uma jornada de vida, uma jornada de dias sem fim compartilhando esperança, alegria, sonhos e realizando coisas com outras pessoas.

Se você seguir o link da história desse rapaz que se matou verá que o texto detecta muito bem que os 1000 dias dele aparentemente não foram em busca de pessoas, mas sim dos ícones superficiais da sociedade do espetáculo como Guy Debord os descreveu.

Ele buscou sentido na vida através do espetáculo, mas se queremos realmente encontrar algum sentido nela devemos ir ao encontro da sua essência que, creio eu, não está no amor pois a vida é maior que o amor, está na experimentação do que é REAL como um abraço, o choro da criança que brigou com o melhor amigo, escrever um belo texto sobre seus sonhos…