Cidades modernas… É claro que grande parte de nós ainda vive entre lobisomens, espíritos que se escondem nas sombras e Matita Pereira, mas são as cidades modernas que ocupam todas as manchetes.

Delas, das cidades, admiramos as estruturas tubulares, a precisão dos ângulos retos dos edifícios, as ruas povoadas de máquinas livres de espíritos.

Estamos livres das sombras que espreitam.

Estamos livres das sombras que espreitam?

Na beira dos bosques montávamos fogueiras para contar histórias sobre as coisas estranhas que não compreendíamos. Com medo atribuíamos a Deuses ou Demônios as raízes por trás dos males que nos atingiam.

Olho os intrincados labirintos urbanos repletos de demônios, ameaças nas sombras, vítimas mudas, lobos prontos a saltar sobre o grupinho ao redor das fogueiras modernas e quase vejo heras envolvendo cada parede e sombras se estendendo em corredores iluminados.

Nós afastamos as florestas, mas não afastamos os demônios que habitam nossos medos.

Os mistérios dos bosques se tornaram mistérios das leis e dos abismos culturais entre esse humano saindo do metrô e aquele ali dormindo no túnel fétido de cocô.

Foto: Metrô Cantagalo (2013 – a imagem original foi perdida) – Roney Belhassof