O título original é Me and You and Everyone We Know, desconheço a existência de uma versão brasileira e a tradução acima é livre.

Não sei o que é boa arte, cada um tem a sua definição então escolho a minha: boa arte é aquela que nos faz olhar para as coisas de uma outra forma.

Esse ai do lado é o tipo de filme que a gente vai assistindo sem saber bem o que dizer afinal falta a ele aquela tensão hollywoodiana e um clímax, aliás não tem um início, um fim ou mesmo um meio definido.

Para quem gosta apenas de filme comercial ou para se divertir provavelmente será um saco.

Já para algumas das pessoas que não se acham seres terminados e que podem (e devem) exercitar visões incomuns do mundo esse pode ser um excelente filme.

Felizmente é fácil falar dele sem entregar a história.

Depois que o filme acabou fiquei me perguntando o que o faz especial afinal ele é como um fragmento de tempo, como se alguém estivesse de passagem na cidade e decidisse filmar o que estava acontecendo por lá durante uns 3 dias.

Creio que a maioria diga que o filme é especial por ser sensível, mas outras coisas me chamam mais atenção.

Em primeiro lugar não consigo definir um protagonista. Há pelo menos 4 histórias que poderiam ser contadas sozinhas e isso me fez lembrar dos tempos de ginásio quando eu me irritava com o professor que me dizia que toda história teria que ter um e apenas um protagonista. Ora! A vida não é assim! Mesmo você sendo protagonista da sua história a história não é nossa, é a história, entende?

Tenho a impressão de que, apesar do profundo individualismo moderno, estamos começando a perceber que nós não somos o centro do universo e que as nossas histórias fazem parte de uma história maior em que há centenas de protagonistas é nossa volta.

Outra coisa bem agradável no filme é… a falta de peso ou culpa em torno da sexualidade humana, ainda que não sejam poupadas algumas taras que beiram a perversão.

Houve um tempo em que o sexo era considerado o mal por trás de todo o mal, atualmente alguns atribuem o mal à religião e eu prefiro ver o mal como uma falta de compreensão de nós mesmos.

A maldade não está nesse filme, é isso! O encanto maior do fragmento de tempo que o filme acompanha, ao menos para mim, é a ausência de mal! Tudo que há nas histórias são pessoas com seus impulsos humanos.