Permitir que o aborto seja descriminalizado nos dá a sensação de que o estamos admitindo como se fosse uma coisa boa. É psicologicamente difícil lidar com o fato de que, em determinados momentos, pessoas como nós decidam abortar e que existam pessoas que não são como nós que  encaram o aborto como algo trivial (bem poucas a julgar pela minha experiência pessoal e também pelo que indicam a maioria das pesquisas).

Por isso é tão importante a gente separar as emoções da razão. Emoções são excelentes guias, mas péssimas líderes…

O fato que observamos é que é virtualmente impossível impedir que as pessoas abortem… Os ricos abortam em outros países, os pobres sempre são encontrados por alguém ou, pior ainda… Se auto-mutilam no processo, ingerem drogas abortivas que matam ou causam sequelas nos fetos ou neles mesmos. Na minha própria família tenho o caso de uma pessoa que batia com a barriga no tanque na tentativa de abortar… A criança nasceu deficiente… Se não por isso por outros fatores que desconhecemos.

Todos querem o fim do aborto, são mais de 200 casos diários de mulheres atendidas em hospitais por complicações decorrentes de abortos indevidamente conduzidos.

Aborto é a terceira maior causa de morte de gestantes em nosso país…

Morrem as gestantes… Morrem seus fetos…

Algo precisa mudar e a descriminalização tiraria o véu da ilegalidade de cima desse holocausto.

Infelizmente com frequência vejo pessoas boas sendo dominadas pela emoção e fazendo campanha para que nada seja feito em relação ao aborto. Se dizem pró-vida, mas acabam agindo pró-morte.

Deixo algum material para reflexão:

Perfil da mulher que aborta no Brasil (conforme pesquisa de 20 anos concluída em 2008 pela antropóloga Débora Diniz):

  • Jovem entre 20 e 29 anos
  • Já tem outros filhos
  • Católica
  • Oito anos de estudos
  • Trabalha
  • Decidiu pelo aborto junto com o companheiro