A Yoko é uma pessoa legal. Não a adoro, mas acho que é uma personalidade interessante.

Esse ano ela escreveu uma carta convidando as pessoas a pedir perdão pelo ódio que não fomos capazes de impedir e que se espalha pelo planeta.

Bem, primeiro que nem sei se esse ódio realmente se espalha pelo planeta ou se apenas temos esta sensação porque estamos confusos. Ao meu ver a gente odeia menos hoje que ontem, mas que seja.

Li a carta, reproduzi no Multiply e escrevi o seguinte sobre ela:

Achei meio lugar comum, não vi nenhuma novidade e nem concordo muito.

Perdoar ainda implica em julgamento, em raiva. Perdoar é uma tentativa de sublimar o ódio que de outra forma nos consome dia a dia. Tem a aceitação que é uma péssima tradução para o que os orientais queriam dizer realmente e desse jeito fica parecendo apatia ou indiferença.

Pedir perdão assumindo individualmente a responsabilidade também não é muito legal. A gente confunde responsabilidade com culpa. Realmente eu, você e a pessoa ali no bar enchendo a cara temos recursos para mudar um bocadinho da nossa realidade e temos a responsabilidade de fazer isso. No entanto não somos OS responsáveis pelo estado em que o mundo está hoje. Além disso o perdão é o reconhecimento do fracasso e nos sintoniza com a falha. Ok! A gente não conseguiu impedir, mas isso passou, temos que lançar nossos pensamentos para frente, temos que dizer:

“Estou acordando para a necessidade de refletir sobre nosso tempo e participar ativamente dele para que amanhã possamos nos abraçar e festejar as coisas boas que conseguimos!”

Concordo com ela que devemos nos curar, mas o primeiro passo é entender essa doença que nos faz falar em tolerância quando devíamos buscar a compreensão, em perdão quando devíamos buscar a ação, em castigo quando devíamos pensar em alívio.

Nossa doença é o vazio do ser afogado na ânsia do ter.