Fico surpreso com as nossas incongruências. Devo ter as minhas é claro, mas é com as dos outros que a gente se assusta, né?

Hoje estava com uma boa amiga, uma moça culta com pouco mais de 60 anos, na rua quando vimos um homem beirando os 70 entrar no banco. O sujeito era uma figuraça. Tinha rabo de cavalo, barba, bigode, vestia uma roupa de motociclista, como a dos Hells Angels e os braços tinham belas e bem retocadas tatuagens.

Minha amiga, vendo o cara, comentou, aliás suspirou: Ah! Que imagem triste…

Se o cara estivesse coberto de pústulas, cheirasse mal por falta de banho ou escarrasse no chão vá lá. Mas porque lamentar a forma de se vestir do sujeito?

Eu, é claro, tive que dar minha “suave” patada (ser meu amigo é meio chato algumas vezes) e fui logo lembrando que um dos maiores entomologistas da atualidade é exatamente como aquele cara. Bem, exceto pelo fato de ser muito mais gordo.

Pessoalmente tenho mais tendência a formar um conceito positivo de alguém que se mostra fora dos padrões do que por aquele que abraça todos os maneirismos do seu tempo. O primeiro grupo tem personalidade, tem potencial de transformação.

Tenho a impressão de que a gente tende a se agarrar às nossas imagens da realidade, sentimos falta de um chão e o cobrimos com um conjunto de regras, mas esquecemos de refletir sobre elas.

Hummm… Isso está mais criptográfico do que um dos meus devaneios… Ultimamente não ando muito inspirado para me explicar. Vou parar aqui antes que fique parecendo um velhinho tatuado e de rabo de cavalo aos olhos de todos! ;)