Tá difícil de escrever tudo que gostaria… Tem fases assim. Nem é que falte tempo ou inspiração, falta é método ou talvez ordem mental.
Esses períodos são justamente os de maior atividade criativa, pelo menos comigo.
Tenho meia dúzia de anotações para histórias… É que mantenho essa listinha de contos ou livros que talvez escreva um dia. Já sei qual será o primeiro, mas fico com pena de relegar todas as outras ideias ao esquecimento, então as preservo. Um dia abrirei um armário, ou uma pasta num HD, e acharei lá aquele pequeno oceano de sonhos e devaneios adormecidos esperando apenas a sua hora.
Hoje mesmo esbarrei com dezenas, centenas de memórias, histórias, anseios, desejos…
Nosso armário de roupas, onde guardamos os panos que cobrem nossos corpos para ficarmos parecidos com todo mundo, também é onde guardamos agendas, cartas, guardanapos com poemas ou pensamentos e cadernos repletos de textos que vamos escrevendo. Você sabe, aquelas coisas que nos fazem diferentes de todo mundo, únicos.
Ele está velho, pobrezinho! é de boa madeira, pelo menos assim pensávamos, mas depois de uns 10 ou 15 anos – já nem sei – acabou cedendo às brocas que deixavam montinhos de pó de madeira sobre os cantos do armário.
Graças aos Deuses as brocas não atacam papel!
Graças ao cuidado que temos de jamais apagar o passado os papeis que sobreviveram a vinte, trinta anos! ainda são, ao seu jeito, atuais.
Acabamos de esvaziar o velho armário para esperar a chegada do novo (espero que o carnaval não atrase a entrega!).
A cada bolo de papéis que tirávamos dele era impossível resistir a uma passada de olhos e mais difícil ainda evitar risinhos e interjeições juvenis ao ver que lembramos de cartões recebidos 19 anos atrás!
Essa é a geração dos endereços de email voláteis onde as mais belas declarações, os mais inflamados discursos de indignação e delirantes explosões de criatividade se perdem em contas que são canceladas ou esquecidas mais tarde.
Se não tomarmos cuidado os armários com passagens para outras dimensões se tornarão cada vez mais raros. E só nós perdemos com isso…
É… Mas sem a Coelha nada do que achei hoje em nosso próprio armário de Narnia teria sobrevivido!