Vou ao cinema e vejo em imagens o livro que moldou minha infância, O Senhor dos Anéis, e lá estão o valor da amizade, a honra e a coragem que tantas histórias, poetas, filósofos, heróis e teólogos nos mostraram mesmo antes que pudéssemos falar e escrever. Então porque vejo lágrimas nestes olhos que me fitam, que transbordam a falta que faz o apoio de um amigo num momento de necessidade? Pode ser uma necessidade fácil, destas que só pedem um abraço e uma hora de companhia, mas é a sua necessidade e um amigo não substitui outro. E seus passos seguem pelas ruas mais escuras que de costume, a lua mais pálida do que de costume, o coração mais duro que de costume…
Há quem compare nossa espécie às esfinges, nossa razão seria representada pela águia, nossa emoção pelo leão, o instinto pelo boi e a serpente (algumas tem uma serpente ao redor da testa) para o espírito. Grande parte dos problemas da humanidade seria a dificuldade de comunicação entre estes bichos e, talvez, a nossa arte e sabedoria transmitida pelos heróis ora fale ao leão, mas não à águia para outra hora ocorrer o oposto. E assim nos deparamos com os paradoxos como o amigo que faz sofrer enquanto um desconhecido vem nos apoiar.