“A maior dor não é a morte, é ser ignorado”

Isabel Ribeiro Fonseca

Começava assim um email que recebi, ou melhor, terminava assim, pois havia uma lista de destinatários acima das poucas linhas do poemeto dez ou vinte vezes mais extensa!

Talvez duzentas pessoas que receberam o cântico tímido da solidão e da carência de aprovação e o passaram adiante para suas listas de contatos povoada de rostos ocultos nas sombras da memória. Afinal poucos dos que repassam mensagens olham um por um os destinatários – alguém olha?

Dor mesmo não é morrer, nem é ser esquecido pelos amigos (amigos?), mas esquecer dos outros pois então estamos sozinhos por dentro ainda que cercados de todas as gentes, com centenas de contatos no Orkut, no Multiply ou no livro de emails!

Amizade é um bolo que não fermenta rápido! Tem que gastar um tempinho! Não tem que ser muito! Só o tempo de um batimento bem compassado. O bastante para duas linhas assim:

“Oi!
Lembrei daquele dia em que nós &&&&, lembra? E te escrevi para dizer que tenho saudades!”

Pronto! Melhor do que o mais elaborado poema de Bilac que não foi você que escreveu!