“Volver a los diecisiete despuês de vivir un siglo es como descifrar signos sin ser sabio competente”

Era jovem demais e vivia em um país alienado demais pela ditadura para ver a luta democrática que havia sob as palavras da música que me apresentou a Mercedes Sosa, mas na força da sua interpretação fui capaz de sentir profundamente como a criança que se depara com Deus: não entendia, mas sentia que aquele canto me chamava a pensar, a me mobilizar e me unir a todas as outras pessoas sem qualquer tipo de distinção.

Foi-se a possibilidade de ouvir novos cantos, mas sua voz ecoará para sempre em nossas consciências.

Como todas as traduções que achei estão protegidas por copyright aqui vai a minha em creative commons para você poder compartilhar (correções e sugestões são bem vindas).

Voltar aos 17

(Violeta Parra)

Voltar aos dezessete depois de viver um século

É como decifrar símbolos sem ser um sábio competente,

voltar a ser, de repente, tão frágil como um segundo

voltar a sentir profundamente como uma criança diante de Deus

isso é o que sinto nesse instante fértil

Vai se enredando, enredando

como a hera no muro

e vai brotando, brotando

como o musguinho na pedra

Como o musguinho na pedra ah! sim, sim, sim

Meus passos recuando enquanto os seus avançam

a arca das alianças penetrou no meu ninho

com todo seu colorido passou pelas minhas veias

e mesmo a dura corrente com que o destino nos prende

é como um diamante fino que ilumina minha alma serena

Vai se enredando, enredando

como a hera no muro

e vai brotando, brotando

como o musguinho na pedra

Como o musguinho na pedra ah! sim, sim, sim

O que o sentir pode fazer o saber não é capaz

nem a ação mais clara, nem o mais amplo pensamento

tudo muda em um momento como o mago condescendente

nos afasta docemente de rancores e violências

Vai se enredando, enredando

como a hera no muro

e vai brotando, brotando

como o musguinho na pedra

Como o musguinho na pedra ah! sim, sim, sim

O amor é um turbilhão de pureza original

até o animal feroz sussurra seu doce canto

detém os nômades, liberta os prisioneiros

o amor com seu zelo, do velho faz um menino

e o mal, só o carinho o faz puro e sincero

Vai se enredando, enredando

como a hera no muro

e vai brotando, brotando

como o musguinho na pedra

Como o musguinho na pedra ah! sim, sim, sim

De par em par a janela se abriu por encanto

entrou o amor com seu manto como uma cálida manhã

ao som de sua bela alvorada fez brotar o jasmim

alçando-se como um serafim aos céus lhe pôs brincos

meus anos em dezessete converteu o querubim

A letra original pode ser encontrada aqui: http://www.ctv.es/USERS/borobar/volvera.htm