Imagem: eu e vários amigos da guilda Sua Mãe Também
Era uma noite quente, posso arriscar afirmar isso porque já morava no Rio de Janeiro e raramente pode-se dizer que há uma noite fria por essas bandas.
A amiga veio passar a noite conosco, trouxe o notebook e anunciou que eu precisava conhecer o WoW, que eu ia adorar! E ela estava certa. Até hoje lembro da night elf nível sessenta e poucos que ela tinha. Isso deve ter sido em 2010, logo, há quase sete anos.
Ainda vejo a cena: tudo escuro à volta, notebook na mesa, a luz da tela fazendo uma esfera de luz ao nosso redor e minha consciência sugada para a bela área inicial dos Elfos Noturnos.
Fiquei impressionado com a habilidade com que a amiga dominava uma variedade enorme de controles e isso também me interessou pois seria interessante para aumentar a sensação de imersão: não era algo que a gente poderia fazer vendo TV enquanto batemos nas setinhas e na barra de espaço.
Ir em uma excursão a Azeroth é muito parecido com fazer o mesmo no mundo real e me faz lembrar de quando me virei mais ou menos sozinho na Tunísia, na Rússia… Nos EUA é fácil, a cultura é muito parecida.
Esse post não é uma ode ao WoW, tenho certeza que outros universos online são similares ou melhores, esse é apenas aquele onde tenho mais amigos e portanto onde sempre vou. Como aquele clube ou praia da galera.
Na verdade esse post é um agradecimento à amiga que me veio me dar o ultimato e me ajudou com os primeiros passos. Até hoje jogamos de vez em quando, ela em um país, eu em outro.
Teve outras pessoas nessa história, outras mulheres. Talvez por coincidência, talvez pelo percentual entre homens e mulheres vir se aproximando ou ainda por preferir a abordagem que as mulheres dão ao jogo… Se bem que estou falando besteira e homens e mulheres que conheço tem estilos bem parecidos. Aí também os estereótipos vem se apagando.
Já fiz curso à distância no MIT em que o instrutor era um Tauren e usava o ambiente do WoW para apresentar certos pontos das teorias.
Já fui ajudado por jogadores mais experientes que eu, mas com pouco mais de 12 ou 13 anos de idade.
E tenho certeza que já joguei com o Robin Williams, que era um grande fã de WoW. Digo isso pelo jeito como ele falava, com um inglês mais arcaico e grande cavalheirismo. Ele me escoltou para fora de uma região onde eu morreria sozinho.
Nós humanos andávamos juntos entre a vida selvagem dependendo uns dos outros para chegar ao nosso destino final, para realizar alguma coisa na vida, mas passamos por várias décadas de individualismo e solidão, aliás, passamos uns trezentos anos mergulhando nisso.
Talvez por isso jogos como o WoW sejam tão especiais: quando nos reunimos com nossas guildas revivemos aquele espírito de equipe. Nos sacrificamos uns pelos outros, nos superamos uns pelos outros.
Pode ser de brincadeirinha, mas uma parte de nós amadurece com esses jogos.
Tenho a felicidade de vir formando ao longo da vida uma guilda offline também. Algumas pessoas são da Sua Mãe Também (nossa guilda no WoW, já disse, né?), mas outras tantas são pessoas com quem trabalhei, que conheci no Twitter, blogosfera, Facebook… Algumas encontrei apenas algumas vezes, outras parece que o destino brinca conosco e sempre descobrimos minutos antes ou depois que o outro acaba de sair daquele lugar…
O que esse post quer dizer, então? Nada. Porque temos que dizer algo com tudo, não é? Este post é apenas um momento de reflexão sobre como as pessoas na nossa vida, quando temos sorte (ou acertamos em algo no nosso jeito de ser), são como companheiros de guilda com quem encontramos nas tavernas da vida para combinar a próxima aventura.