Falar de um romance de Antônio Torres é um desafio!
Andamos muito acostumados a ótimas histórias, repletas de personagens fortes, tramas saborosamente intrincadas e universos vastos onde exercitamos nossa fantasia sentindo que é tudo real afinal há mapas, árvores genealógicas, milhares de anos de história de fundo.
Tudo isso é maravilhoso, mas talvez nenhuma dessas obras nos encante também pela forma como as histórias são contadas, e por forma me refiro a como as imagens e sentimentos nos são apresentados e entrelaçados.
Existe um universo infinito, literalmente infinito e ele começa no que você está pensando exatamente agora e continua descendo pelas memórias que vão sendo despertadas a todo momento, pelos pensamentos aleatórios que surgem e os planos ou devaneios que você alimenta para o futuro.
A consciência, nossa mente, é infinita.
É isso que percebemos ao ler alguns dos melhores romances de Antônio Torres, que a mente pode ser cenário para histórias e um cenário tão vasto e encantador quanto qualquer outro que possamos imaginar com a vantagem de ser real. Sim, nossa mente é real aqui e agora.
Carta ao Bispo nos leva por uma viagem na história de um homem que vamos aprendendo a admirar e desprezar ao mesmo tempo, mas é preciso mergulhar profundamente nos fios da história pois ler Antônio Torres é como sonhar: algumas vezes o sentido das coisas só se fecha depois de passarmos por vários desvios das nossas mentes indisciplinadas.
Há obras dele mais convencionais (mas nem por isso menos cativantes), mas essa faz par com Um Táxi Para Viena D’Áustria como uma obra que nos tira da zona de conforto, que faz nossa mente trabalhar de formas inesperadas, tão inesperadas na verdade que podemos esbarrar em pedaços esquecidos da nossa própria alma.
Recomendadíssimo!!