Imagem: Burning the midnight oil por Jared Tennant (Cc)

Decidi começar a escrever umas críticas sobre gente nova que está escrevendo.

Os critérios são: ainda não são “consagrados” (aos poucos vamos falando sobre isso), estão mesmo investindo na carreira e acho que são bons.

Aliás esses posts serão justamente para dizer por que acho que são bons.

Outro ponto importante é ver o que podemos aprender com eles, sim, a gente pode aprender com quem está começando, principalmente porque essas pessoas já começaram há dez anos ou mais e, se já estão investindo na carreira, é porque venceram um monte de obstáculos. Aliás a própria Vivi Maurey já andou falando sobre isso na categoria diário de uma escritora no blog dela.

E quem sou eu para dizer o que é bom ou ruim? Bem, ninguém realmente especial, mas acredito ter duas boas qualidades em que invisto: empatia e cultura eclética. Em outras palavras, procuro ver o mundo também pelo ponto de vista dos outros e procuro valor tanto no pop quanto na literatura.

Então vamos lá.

Recentemente a Vivi começou a publicar contos novos na Amazon, mas leio textos dela há quase uma década e é muito interessante acompanhar o processo de amadurecimento de um escritor ou escritora.

Ela sempre teve uma imaginação irrequieta que me lembra uma HQ de Neil Gaiman em que Galíope castiga um homem com inspiração infinita, uma bela história de terror, aliás.

No entanto escrever é muito mais do que ter imaginação, escrever é saber como contar a história e, acima de tudo, contar para os outros e não para nós mesmos.

Decidi começar essa série pela Vivi Maurey porque os três contos que ela escreveu percorrem três regiões bem diferentes e acho que esse ecletismo é importante na construção de um bom escritor ou escritora.

Papel de Sangue foi o primeiro que ela publicou. É um texto literário sobre o processo criativo de quem escreve. Há outros textos literários de autores clássicos com a mesma proposta, mas o dela é original. Tem um teor de terror que considero muito contemporâneo por mais que seja tentador comparar a Poe.

O segundo conto publicado foi O Jogo da Moeda que é um thriller de terror mais pop que brilha pela forma narrativa, ritmo e habilidade tanto na construção das personagens quanto na organização da trama.

Entre duas gotas de chuva mergulha na vida interior das personagens e na qualidade do relacionamento entre elas, algo que vem sendo esquecido conforme os autores se esforçam cada vez mais para construir histórias que possam virar vídeo mais facilmente: escreve-se pensando nos roteiros rasos de Hollywood.

É claro que os três contos são resultado de muitos anos tanto de vivência literária quanto de intensa vida pessoal como dá para perceber num vídeo recente em seu canal no YouTube:

#QueridaEuMesma

O século XXI nos brinda com essa rara oportunidade de acompanhar muito de perto a trajetória dos outros.

Até ontem uma pessoa de sucesso parecia surgir do nada, hoje podemos ver como os talentos vão se construindo lentamente ao longo de décadas (pelo vídeo aí acima dá para notar que já havia uma escritora germinando na Vivi Maurey de 14 anos) antes de florescer.