Tenho que escrever lá no meu site…

Pelo menos sobre os livros que li eu tinha que escrever. Se não sobre eles sobre os que vou lendo.

Acabei de ler o Neuromancer nessa edição com o rosto pálido da Trinit, digo Molly, na capa (acima).

Pode continuar lendo pois não gosto de spoilers e não vou contar nada importante sobre a trama do livro.

A leitura não foi das mais fáceis para mim no começo. Demorei a entender o intrincado mundo do futuro imaginado por Gibson, mas depois da dificuldade inicial adorei.

O fato curioso é que só costumo gostar de livros que tem algo instigante a dizer como uma visão profética do futuro ou, melhor ainda, uma análise audaciosa da alma do nosso tempo ou da essência da nossa própria alma. As grandes obras são assim.

Neuromancer faz toda ficção científica cyberpunk como Matrix parecer uma adaptação simplificada e piorada da imaginação do Gibson, mas não vi na história nada que realmente me surpreendesse e isso me faz me perguntar porque gostei tanto da leitura.

Bom, é um mundo cinza, sem bem ou mal, somente pessoas que, embora sejam essencialmente boas, se encontram endurecidas por um mundo inóspito e sem grandes perspectivas de futuro. Parecido com o nosso.

Quero dizer que as pessoas em Matrix, digo, em Neuromancer, parecem se dividir entre as que batalham para ter o direito de sobreviver pagando por um pouco de diversão, moradia e comida e as que são ricas e não tem no que gastar a grana além de prazeres hedonistas.

Bem parecido com o nosso mundo ou com o que ele pode se tornar.

Começo a perceber por que gostei da obra… De certa forma é um alerta para o tipo de mundo que podemos criar se não formos capazes de encontrar objetivos individuais e para a nossa espécie.

Talvez as grandes questões do Universo não sejam de onde viemos, quem somos nós e para onde vamos, mas sim  para onde queremos ir, quem desejamos ser e como chegaremos lá. Sem metas talvez acabemos no Sprawn.