Sempre li muito. Aos 11 anos li a saga do Tolkien (na época editada pela extinta Artenova, ainda tenho os exemplares aqui). Não foi minha primeira leitura e certamente não foi a última, mas por muito tempo tudo que eu lia era com encanto e com a certeza de que o autor havia escrito com paixão.

De uns anos para cá descobri outro tipo de livro. Não sei se já existiam. Tinha umas revistas tipo Carícia que talvez fossem como esses livros que tenho visto, mas acho que não.

Estou lendo um desses agora. Atlantis de David Gibbins.

Veja bem, não é uma história ruim. O sujeito (o autor) diz ser um arqueólogo que trabalhou a vida toda com arqueologia marinha então suponho até que a fantasia esteja dentro das possibilidades.

O que incomoda é que a cada página tenho a nítida impressão de que o autor antes de mais nada se preocupava em montar uma narrativa adequada ao cinema, ao DVD, a uma edição especial ilustrada, ao videogame e, quem sabe, um CD de músicas atlantes.

Gostaria de explicar aqui exatamente por que tenho essa impressão, mas “tô cum sono” e teria que comentar coisas da história o que estragaria o prazer que o livro pode dar a quem o estiver lendo.

Quando a gente está alegremente inserido em uma sociedade do espetáculo, plenamente satisfeitos em mergulhar nossos sentidos em sons, imagens e fantasias sem qualquer profundidade ou longevidade esse tipo de literatura é ótimo, mas os prazeres voláteis acabam nos tornando cada vez menos sensíveis para aquelas experiências que atravessam nossas almas e permanecem por dias, muitas vezes para a vida toda como é o caso de O Senhor dos Anéis e do recente Fronteiras do Universo.