Sou uma pessoa quase sem vícios… Não tenho vontade de fumar, beber ou me drogar, no entanto sofro de terríveis crises de abstinência se não leio um bom livro, e não servem os técnicos, tem que ser literatura.
Suspeito que para quem gosta muito de ler como eu os fenômenos recentes de Harry Potter e Código da Vinci sejam muito intrigantes! Não que sejam leituras desagradáveis (embora pessoalmente considere Harry Potter uma leitura nociva), mas há obras muito superiores a elas em todos os aspectos! é um mistério! Ou talvez não!
Desculpem pela volta que vou dar, mas julgo necessária para chegar ao ponto.
Anos atrás fui a uma apresentação gratuita de Carmina Burana no Teatro Municipal do Rio. A fila dava voltas no quarteirão! Tiveram até que fazer uma outra sessão extra no dia seguinte para que todos pudessem ver!
Notava-se que a maioria era gente que nunca tinha entrado em um teatro, nunca tinha escutado uma peça de ópera clássica. Me arrepiei todo no final quando a platéia aplaudiu por minutos sem fim! Não contei, mas foram mais de 6 minutos com certeza! E houve um bis… Foi a primeira e última vez que vi um bis em uma obra clássica!
Isso me lembra outra coisa, os filhos adolescentes de um amigo que diziam não gostar de música clássica, mas ficaram absolutamente eufóricos ao escutar a Abertura 1812.
Por estas e outras tenho certeza que cultura é universal e se você a entregar ao povo ele aprecia! É a cultura das massas!
Isso nos traz de volta à questão principal. Existe outra cultura, a cultura de massas!
Desconfio que a indústria da cultura (que é muito mais indústria do que da cultura) inventou um rótulo, o tal de cultura de massas que são livros, filmes e músicas que podem ser feitos, experimentados e esquecidos rapidamente para dar espaço para outro fenômeno de vendas.
Este é um ciclo antigo no cinema e agora parece estar chegando aos livros, o que é uma pena… Será mesmo?
Quanto a isso ainda não decidi, afinal o hábito da leitura é um pouco mais complicado do que o de assistir a um filme. O leitor tem que ler com alguma frequência para desenvolver a capacidade de assistir os livros no lugar de lê-los. Talvez toda esta onda de best sellers seja útil para abrir todo um novo horizonte de leituras para um povo que anseia por cultura, mas tem dificuldade de valorizá-la por causa do barulho da mídia sempre lançando holofotes em algo novo… Hehehe…
Aqui entre nós, o que você prefere, algo novo? Ou algo bom?
Bem, isso não importa pois temos muita coisa nova e boa como Neil Gaiman, Terry Pratchett, Philip Pullman e Lemony Snicket.