O sólido cone de luz atravessa a escuridão revelando pequenas partículas em suspensão. Lá adiante ele incide sobre o rosto da menina que abre um vasto sorriso ao receber o seu calor nas bochechas…

A luz invade cada veia fazendo fervilhar o sangue, o coração bate mais forte e o mundo inteiro desaparece; tudo é luz e sombra, como se o seu corpo fosse um objeto celeste no espaço sideral.

Lentamente seus braços se movem deslizando por ondas invisíveis de ar e sonho. Os dedos oscilam como se deixassem passar o sopro da primavera entre eles e, naquele momento, parecem brilhar.

O grande cone luminoso que corta a escuridão do teatro se esforça para acompanhar a menina que se transforma em movimento e som lá no palco.

A platéia invisível – para ela – bebe ansiosa os flashes do brilho dos seus olhos, da graça e da curvatura de dorso, pés, braços e pernas que rodopiam como a névoa das madrugadas de outono quando o primeiro vento morno da manhã vem soprá-la de volta ao reino de Oberon.

É a dança tomando conta da cidade…