Há tempos um amigo me indicou esse livro de Robert Bly (infelizmente esgotado no Brasil) como algo capaz de transformar nossas vidas. Estou lendo e decidi fazer um post para cada capítulo.

É delicado falar publicamente sobre um texto que nos leva a entrar em contato com parcelas tão profundas de nós, que nos remete é nossa relação com nossos pais e com a natureza do nosso gênero. É muita exposição…

Mas, quer saber? pelo bem uns dos outros acho que temos que nos expor sim! Há mais de 10 anos escrevo aqui e sempre acabam me agredindo (o mundo é cruel) e há décadas já não sou criança para ficar com medo de agressão ou mesmo do que vão pensar de mim ;-)

Os riscos valem a pena se puderem beneficiar uma ou duas pessoas.

No primeiro capítulo Bly explica o título do livro contando a fábula do João de Ferro, uma metáfora para a natureza do gênero masculino humano, e chama atenção para vários obstáculos que o desenvolvimento da nossa civilização colocou e nos impedem de conhecer essa nossa natureza (É um livro para humanos do sexo masculino).

Basicamente ele coloca que nós homens nos afastamos do nosso caráter yang em parte por ele produzir coisas que passamos a condenar, como a guerra, depois de vermos o terror da Segunda Guerra (o autor não marca esse ponto de transição, essa é uma suposição minha) e em parte porque o homem passou a ficar ausente da família, não só o pai, mas também tios e avós.

As ideias ainda vão se desenvolver ao longo do livro, nesse primeiro capítulo ele procura introduzir a ideia convencendo-nos que se trata de uma proposição correta.

Concordo com ele: nem os homens e nem as mulheres (será que alguém escreveu um Maria de Barro?) estão sabendo lidar com o acréscimo das características do gênero oposto em sua psique. No processo acabam perdendo o devido contato com suas naturezas mais profundas.

No meu caso até esse momento me sinto em vantagem… Não penso que tenho uma relação tão incompleta com meu João de Ferro, no entanto a minha gordura, o fato do meu pai ter representado um João de Ferro muito negativo, a suavidade com que trato as questões mais tensas sugerem que estou errado… Veremos…

Digo que me sinto em vantagem pois há décadas tenho uma identificação com o xamanismo em suas características mais yang, aos 27 anos rompi de vez com a imagem do meu pai passando por uma fase iniciática em que assumi o papel de macho diante de mim mesmo e, acima de tudo, não me sinto nada intimidado ou receoso de seguir na leitura do livro para encontrar com o homem natural que, de acordo com o autor (e também minha experiência), assusta tanto homens e meninos.

Veremos…

Imagem: Altered States FX