Acabo de chegar do Sérgio Porto onde assisti o trabalho de formatura da Renata Epifânio e de Sidney Padilha. Eles se formaram, como disse ontem, em dança contemporânea.

Fazia um tempo que não me dava a este prazer, tenho trabalhado um pouco demais e nas horas vagas ando preferindo escrever ou ler. Mas como foi bom. A dança tem uma linguagem simbólica que mexe com partes do nosso pensamento e emoções que não experimentamos sempre.

Depois vou escrever um artigo só sobre a coreografia “Espaço para 2” que é o projeto de formatura propriamente dito. Achei muito bom, mesmo para quem já tivesse se formado muito tempo atrás, o que dirá vindo de jovens recém-formados.

E olha que dança é o tipo de linguagem simbólica que permite estrepolias sem nenhum significado, afinal sempre podemos dizer que foram os outros que não compreenderam nossos símbolos.

A propósito não sei o que os artistas queriam dizer, muitas vezes a plateia enxerga o que nem mesmo o artista pode ver, mas o que percebi foi uma síntese da vida contemporânea: habitamos os mesmos espaços, vivemos mais ou menos os mesmos movimentos, nos cruzamos nas vias de ligação cibernéticas (os Orkuts da vida), mas não nos percebemos… É como se fôssemos cegos para a essência uns dos outros e não percebêssemos seus movimentos porque estamos muito envolvidos em nossas pequenas caixas de movimentos pessoais. Achei lindo. Os dois estão de parabéns.

Além dessa coreografia ainda merecem elogios as outras quatro que foram apresentadas:
– 2 para 1: Renata Epifânio e Rosana Seager
– Cíclico: Sidney Padilha;
– Solo para flipbook: Letícia Nabuco e
– Zolig: João Paulo Gross e Maíra Maneschy.

Foram todos tão bem que tive receio de não ficar impressionado com o trabalho principal que foi apresentado por último. Pelo jeito cada peça foi superior à anterior culminando em um clímax indiscutível.