A arte sempre nasce de algum tipo de subversão, não acha? Quer dizer, depois de um tempo todo mundo passa a gostar e vira fenômeno pop, mas pense nos criadores de cada movimento artístico, no primeiro cara a rabiscar coisas em uma caverna… hummm… Longe demais para lembrar, né?
Um tempinho atrás uns caras começaram a pichar muros de um jeito diferente, eram desenhos ricos em cores e nuances, nada como os meros rabiscos que agrediam os nossos monumentos. Acho que foi no final da década de 70, uns 10 anos depois do Basquiat lá nos EUA. Foi quando nasceu o grafite, principalmente em Sampa.
Lembro bem dos mais velhos reclamando da barbárie dos grafiteiros, mas quem não se entregava ao preconceito via que ali tinha algo de diferente.
O tempo passou, uns trinta anos, e os grafites estão integrados aos nossos muros e poucos tem aquele caráter crítico, escatológico ou selvagem.
É entressafra, mas logo-logo pinta algo novo, não sei o que será ainda, mas sei que antes a gente tem que estar realmente insatisfeito com os nossos caminhos. Por enquanto os calouros das nossas universidades estão mais preocupados em juntar trocados para uma chopada do que em olhar para o seu ofício como forma de transformação do mundo.
Querido, muito interessante observar duas coiss no graffitti. A primeira, que os ricos e cultos s sabem ver algo se est dentro de uma galeria de arte. O Basquiat s fez sucesso quando um curador um pouco menos bitolado pegou a sua obra e jogou dentro de uma galeria. A, toda aquela burguesia escrota que antes ficava horrorizada com a MESMA obra nas ruas, agora falava oooh oohh de biquinho al=francs, balanando a sua taa de vinho branco quente. E achando que estavam abafando. A segunda, porm no menos importante, que o graffitti tem vrios momentos diferentes, assim como qualquer arte. Surgiu como uma contestao pura e simples, palavras de ordem (aqui no Brasil coisas como “abaixo a ditadura”). Depois passou para uma interferncia, quase que como um puxo de orelha para a mesma burguesia citada acima, a que estava no poder, dizendo “existe gente do outro lado do muro”. E mais recentemente, j com Basquiat e compadres, uma interferncia no mais de alarde e sim de incluso. a incluso da arte de um mundo sobre o outro. a peble embutindo o seu valor cultural nos segmentos que a excluem, colocar a arte diretamente sobre aquilo que no a tolera. sensacional e merece muito mais estudo e respeito do que vem tendo dos segmentos ditos “cultos” da nossa sociedade. O graffitti , antes de mais nada, um dos principais instrumentos pacifistas de incluso social que existem hoje. O grafiteiro um pacifista, um poeta.
Beijos,
Carol (no sei como tirar esse “annimo” daqui.
Esqueci de dizer… A pintura nas cavernas no pode ser considerada um graffitti porque no havia outro tipo de suporte, de mdia, era uma pintura meramente contemplativa ou narrativa, no havia contestao. Contava uma histria. O graffitti, assim como toda arte moderna, , por natureza, contestadora. Beijinhos