Tem obras que mexem com as pessoas né? Uns amam, outros ignoram colericamente e ainda há quem sinta ódio profundo por elas.

Acho que essa é uma característica das grandes obras. Algumas delas eu adoro e outras eu odeio como era de se esperar, mas sei me curvar ao fato delas serem algum tipo de expressão profunda dos nossos deuses e demônios inconscientes e por isso sobrevivem.

Dentre essas obras temos Senhor dos Anéis, As Crônicas de Nárnia, em breve Fronteiras do Universo (de Philip Pulman), Dogville (cinema), Guerra nas Estrelas, Quero Ser Jonh Malkovich e uma lista interminável de filmes, livros, peças e balés.

Esses dias mesmo o Eric Novello (uma das mentes mais agudas e atentas que conheço) chiou porque eu e a Coelha gostamos da versão cinematográfica das Crônicas de Nárnia.

Em primeiro lugar tenho que deixar claro que nem Nárnia nem Senhor dos Anéis são obras de arte, pelo menos em suas versões cinematográficas.

No caso de Nárnia o que nos agradou é que a história é do tipo que a gente precisava ter visto no natal que andava mirrado de espírito este ano.

É interessante notar que o que incomodou o Eric são justo as coisas que estão no livro já imortalizado de C.S. Lewis e portanto não podem ser consideradas “falhas” do filme. O mesmo aconteceu com os laços de amizade dos personagens de Senhor dos Anéis que, em uma sociedade de emoções contidas e relacionamentos perversos, é interpretado como homossexualismo homossexualidade (a propósito e se Frodo e Sam fossem gays? Qual seria o problema? Prefiro ser gay como eles a ser medíocre como o Carrapicho – só quem leu o livro sabe de quem estou falando).

E pensar que todo esse papo foi inspirado pela lista de 10 mais que o Eric não escreveu! Também não escreveria, nunca consigo escolher apenas um eleito para ser o melhor, tem tanta coisa boa para ler, assistir e apreciar…

Quanto a Nárnia é um bom filme, nada fantástico, meio cristão demais (C.S. Lewis era protestante de carteirinha) com direito a messias e tudo, mas é uma história de várias nuances, há traição e arrependimento, tem a fraternidade forjada no fogo das vicissitudes. São princípios que eu gostaria de seguir e que devem ser pelo menos apreciados de vez em quanto.

Para mim obras como Nárnia são sementes que se enterram no chão no final da primavera e sobrevivem enterradas ao verão, ao outono e vários invernos esperando uma nova primavera quando poderão brotar novamente pelas mãos de jardineiros de esperança.