No final do dia achamos tempo para dar um pulo na FAAP para ver a exposição Deuses Gregos com artefatos da coleção do museu Pergamon de Berlim.
Nós entendemos que pertencemos a uma outra cultura onde todo conhecimento deve ser livre e estar acessível a todos, entendemos que o flash das máquinas podem danificar as obras expostas mesmo sendo de mármore e bronze, mas dá um aperto no coração ver um prédio tão magnífico com uma exposição tão bem concebida envolto na fumaça escura de uma outra cultura onde o conhecimento deve ser retido e não distribuído.
Ao entrar no prédio um segurança ansioso veio nos dizer que não era permitido tirar foto em lugar algum da FAAP, nem dentro nem fora.
A cada passo que dávamos guardando na memória as réplicas dos profetas de Aleijadinho, os lindos portais trabalhados com mais de 5 metros de altura e depois o cuidadoso arranjo de luzes sobre dezenas de estátuas gregas e pequenos artefatos que eram apenas o prelúdio para reproduções de partes do Pergamon o sentimento que nos dominava não era de admiração, era de pena.
Elmo de bronze. Fonte: FAAP
A memória viva das culturas que nos antecederam mais de dois mil anos deveria estar ao alcance de todos, ao menos merecia uma versão virtual em um site ou folhetinhos de baixo custo no lugar de um compêndio de 250 Reais.
Caminhar por aqueles corredores foi como entrar no museu particular de um louco que encerra em seus corredores a arte que devia estar nas ruas.
Não seria difícil instruir os visitantes sobre como tirar fotos inofensivas sem usar o flash, mas estava claro que não eram as obras que estavam sendo preservadas, mas suas imagens que estavam ali apenas para os olhos privilegiados que podem ir até a exposição naquele estreito período de tempo. Ao menos a entrada era gratuita.
A beleza que é encerrada entre grades é testemunho não da beleza, mas da cegueira e da vergonha.