Ontem comemorei o meu aniversário junto com o Twestival e foi uma noite realmente especial! Não só pelo privilégio de estar entre mais de 80 pessoas que estão fazendo história ajudando a moldar a cibercultura (e isso merece um post próprio lá no Meme de Carbono), mas também pela chance de encontrar meia dúzia de amigos que me conhecem há mais de 20 anos!
Um deles se tornou fundamentalista cristão no sentido de seguir a Bíblia à risca incluindo crer no criacionismo, por exemplo.
Nada melhor para abrir nossa mente e nos ajudar a entrar na cabeça dos outros do que o respeito conquistado ao longo de um quarto de século. O amigo em questão e eu já passamos por muitos momentos difíceis e isso cria laços que vão além das crenças pessoais.
Quem caiu aqui de paraquedas não sabe: para todos os efeitos sou ateu (pelo menos é como me classificariam a maioria dos religiosos) e defendo que as religiões modernas são um instrumento para impor controle e justificar absurdos. Já falei bastante nisso na série Em Busca do Pó e não há por que voltar a me aprofundar mais.
O fato é que, apesar de achar algumas das afirmações do meu amigo muito estranhas…
- O Cristianismo só sobreviveu porque Cristo ressuscitou
- Quem mais disse que era a verdade a luz e a vida e que só através dele se chega a Deus?
- Não pode haver duas verdades
- Os primeiros humanos já foram criados com a capacidade de falar
… eu respeito o cara muito antes dele ter essa visão filosófica-religiosa tão incompatível com as minhas.
Normalmente eu simplesmente rejeitaria tudo e seguiria em frente, mas a nossa razão é uma vítima fácil para as nossas emoções e enquanto ele falava minha mente buscava motivos para achar aquilo tudo bom.
O papo foi no meio de quase cem pessoas, conversas, músicas e um rodízio de pizzas e não dava para ir muito fundo na conversa que acabou ficando pela metade deixando um certo desconforto.
Cheguei a dizer uma grosseria na frente de um outro bom amigo que também é cristão… Eu disse “Só podia ser crente”… Me lembrem disso da próxima vez que eu disser que não tenho preconceitos! E na hora de dormir minha mente hiperativa me impedia de entrar nos domínios de Morpheus.
Ao acordar escrevi um email para o meu bom e velho amigo…
Como a sua crença define sua forma de ver o mundo e se relacionar com as pessoas e com você mesmo?
Foi mais ou menos o que lhe perguntei no email e agora estou buscando nas palavras dele uma reposta para a pergunta que me perturba: a religião é boa para ele? E quero que a resposta seja sim.
Estou há horas tentando me desfazer de tudo que me parece sensato para poder mergulhar em outro universo construído por ideias que no meu mundo são pura insensatez.
A situação é pior do que o embate entre criacionismo e evolucionismo, deísmo e ateísmo. Quando a pessoa tem convicções ela pode mudá-las, mas eu simplesmente não tenho convicção nenhuma! E a certeza parece estar na base do pensamento religioso do meu amigo assim como está na de muitos ateus.
O primeiro passo deve ser então: por que eu haveria de ter certeza? De acreditar na existência de uma verdade?
Tem que haver um sentido para tudo isso, minha vida não pode ser apenas um galho seco se quebrando em uma floresta deserta
Talvez seja isso. A nossa vida precisa ter um sentido! Somos seres dotados de consciência, seres que raciocinam, que constroem civilizações, fazem arte e precisam lidar com os horrores que também criamos como as guerras, o preconceito e a injustiça social.
Há um mal entre nós que não entendemos e o que nos protegerá dele? O que nos explicará de onde ele veio? Vamos deixar de viver todas as outras coisas que temos que viver como trabalho, filhos, amigos e o próprio amor pela vida (incluindo experimentar a arte) para tentar resolver uma equação que em 10 mil (ou seis mil para os criacionistas) não fomos capazes de decifrar? Ainda mais quando há respostas prontas?
Vivemos uma época de grandes e velozes descobertas científicas e uma grande onda de valorização da razão que ameaça as velhas tradições que sempre mantiveram nosso equilíbrio. O que aconteceria se repentinamente todos deixassem de acreditar nas instituições que sempre mantiveram nossa civilização coesa?
As investidas do ateísmo são tão intensas que é necessário construir argumentos contra ele em sua própria arena, a da razão, e assim cria-se o design inteligente.
Um dia certamente nossa crença nos Deuses será muito diferente, mas isso não pode acontecer levianamente. É necessário preservar os valores morais essenciais.
Apesar de saber no ser esta a sua opinio, o seu ltimo pargrafo, “Um dia certamente nossa crena nos Deuses ser muito diferente, mas isso no pode acontecer levianamente. necessrio preservar os valores morais essenciais.”, d a entender que valores morais s so possveis com algum tipo de religio.
O que, bvio, um #fail total.
:)