Estávamos saindo de um enterro, ela com certeza é bem mais inteligente do que eu e me conhece bem e estava ali do meu lado dizendo que faz tempo que tinha vontade de me perguntar isso.

Não era de um medo abstrato que ela estava falando, mas da afirmação que eu já fiz várias vezes:

Me esforço para me manter cético

Por que alguém nega a fé? Por que alguém se esforça para negá-la? Afinal se há necessidade de esforço é porque existem forças conflitantes. Será que nego a fé para evitar a responsabilidade de admití-la?

Crenças ou mesmo a negação delas são tão íntimas e incrustadas na base do nosso paradigma que preferi ficar calado e pensar melhor. Acabo de fazer isso e escrever uma longa apologia contra a fé e a favor da razão no meu site num artigo intitulado Deus, meu delírio.

Ela realmente tem razão, tenho medo, mas não disse no artigo acima do que tenho medo e na verdade hesito em confessar aqui pois há intimidades que devem continuar íntimas, no entanto também existe muita gente que encontra um consolo ao descobrir pessoas parecidas e perceber que não estão sozinhas.

O primeiro medo é o de ser colocado ao lado de 98% dos modernos defensores da fé que se mostram inimigos da razão.

O segundo medo é admitir que tenho o tipo de mente criativa e perceptiva que me coloca diante de diversas experiências místicas e “provas” da existência de um mundo que transcende a nossa razão. E com isso ser desqualificado por quem observa o mundo de forma mais pragmática.

Quando aos desdobramentos desses medos, suas consequências e, principalmente, suas origens eu vou me manter em silêncio! ;-)