Sempre digo que já falei tudo que queria sobre religiosidade na série Em Busca do Pó, mas de tempos em tempos acabo escrevendo algo que me dá pena de deixar perdido então aqui vai o comentário que deixei no post Porque o cristão evangélico eh sempre o alvo? da Tici Meliani:

Não achei esse texto no blog da Malu então vou comentar aqui dando o ponto de vista de alguém que odeia ser abordado por evangelistas.

Tirando uns Hare Krishna, também chatos, nunca fui abordado por taoistas, budistas ou wiccas querendo me impor que eu iria para o inferno ou que deus ficaria irritado comigo se não admitisse que ele (o evangelizador) estava certo.

Tem uma coisa meio perversa no cristão que se diz portador da palavra de deus, sabe?

Para mim é por isso que as pessoas batem a porta na cara do evangélico: elas os vêem como falsos profetas e preferem buscar Deus à sua maneira.

Eu li a Bíblia toda quando tinha uns 11 ou 13 anos. Não é uma leitura agradável e não corresponde mais aos nossos tempos com toda aquela coisa de apedrejar adúlteras (homem pode), matar quem trabalha no sábado ou escravizar o filho de quem te deve dinheiro.

Por que a palavra de Deus seria a palavra da Bíblia e não a do Corão, do Tao Te King ou de Buda?

Por que Deus teria falado apenas com os judeus ao longo de três mil anos de história ignorando os gregos, os romanos, os chineses, os Apaches, os Inuit, os Tapajós, os incas, os astecas… Foram todos criados por outro deus? É compreensível que os espanhóis tenham chegado a fazer um julgamento para decidir se índios eram ou não humanos lá no século XVII se não me falha a memória.

A questão é que talvez a Bíblia seja apenas uma das tentativas humanas de entender a própria consciência, o mundo em que vivemos, e não a palavra de deus.

O problema é quando grupos de pessoas decidem que ela é a palavra única e absoluta de Deus e que a sua interpretação daquelas palavras é a única e absoluta forma correta de interpretação.

Na minha opinião a religião jamais deve ser um princípio a ser imposto ou mesmo sugerido aos outros, ela deve ser um conjunto de compromissos pessoais para nos tornarmos alguém melhor e cada um deve escolher o conjunto mais adequado para si mesmo, nem que seja o (argh odeio) Harry Potter ou o (Aha! Adoro!) Fronteiras do Universo do Philip Pullman.