Quando a razão, o bom senso e a busca livre e sincera de um entendimento gradativamente mais completo e preciso do nosso universo e da nossa consciência (até aqui me parecem duas coisas ainda separadas) enfrentam vozes que se levantam contra elas; Esse é o meu inimigo.

Por outro lado quem me conhece pouco ou cai de paraquedas nesse ou naquele artigo ou post escrito por mim pode considerar que os meus inimigos são os religiosos e este post é para defender um grupo deles em detrimento de outro e por isso intitulei como defesa ao inimigo apesar de ser amigo de todo religioso que se encaixa naqueles princípios ali em cima, e não são poucos, viu?

Recebi por email um texto intitulado Por que deixei de ser espírita (leia clicando nesse link ai – foi apagado).

Não sei quem é a autora, mas o texto me soou como um ataque sem sentido ao espiritismo com argumentos que não me convenceram de forma alguma a ver com maus olhos essa religião ou filosofia.

O fato mais curioso é que o texto aparentemente me foi enviado como uma crítica ao espiritismo, mas acabou valendo como uma crítica ao autoproclamado cristianismo batista da autora.

Lendo o texto tive as seguintes impressões:

  • Ela se incomodava com a obrigação de agir corretamente e que se considerava incapaz de se livrar de algum mal hábito que lhe garantiria um carma e uma outra encarnação mais desagradável que a atual e preferiu a redenção gratuita que ela crê ser garantida pelo que ela chama de cristianismo bastando para isso crer.
  • Há uma grande confusão entre se achar pequeno demais para compreender a mente de deus em alguns momentos e em outros ter certeza absoluta de como ela funciona
  • Parece haver uma simpatia especial por poder jogar tudo para o alto, fazer um monte de besteira e saber que não terá que pagar por isso mais tarde ao contrário do que, supostamente, aconteceria no espiritismo.
  • Os esforços dos espíritas para entender o universo ajustando sua fé aos avanços da ciência também são duramente criticados o que sugere que a autora fala em um cristianismo para burros confundindo humildade com limitação intelectual. Conheço muitas pessoas que se dizem cristãs, são muito inteligentes e procuram compreender melhor suas crenças à luz da ciência em vez de tentar estender as sombras indefinidas da fé para ocultar a ciência que parece contradizê-la.
  • O livro “psicografado” chamado Bíblia pode ser considerado fonte de verdade absoluta, mas não os textos psicografados espíritas. Dois pesos e duas medidas. Isso é argumento inadmissível e testemunha contra quem o usa.
  • Apesar de estar escrito no livro usado pela igreja Batista que Jesus afirmou que “tudo que ele fez e tudo que ele foi nós seremos e muito mais” a autora critica o espiritismo por considerar Jesus um irmão quando ela sabe que o prisma (uma figura de linguagem bem apropriada já que o prisma decompõe a luz e pode desviar dos nossos olhos alguns dos seus comprimentos de onda) correto para vê-lo é como um deus inalcançável por seus seguidores.
  • Logo em seguida ela fala em seguir seu exemplo… Como seguir o exemplo inalcançável de um deus vivo? E a redenção não se daria gratuitamente?

A crença religiosa pode ser muito útil e já a vi tirar pessoas do vício, do crime, da depressão e de muitos outros rumos catastróficos, mas esse texto parece antes uma apologia ao pecado sustentado pela certeza do perdão de um deus que só pede que creiam nele.

De modo geral continuo achando que cada um deve se concentrar em explicar e seguir sua própria religião pois ela é boa para ele e será para outros enquanto outras religiões ou mesmo o ateísmo serão bons para pessoas com qualidades e dificuldades diferentes. O desvio disso é um pecado contra o livre-arbítrio, é uma declaração de guerra a Deus! ;-)