O profeta revela que o Céu é um planeta, a Terra é um planeta e o Sol também. E o Sol é o Inferno pois diz a Bíblia que lá é um poço de fogo e enxofre ardente

Por duas vezes vi em ônibus um cartaz com um texto parecido com esse. Coisa precária, feita à mão e fotocopiado.

Lembrei de John Milton que deu forma ao inferno no século XVI ao escrever Paraíso Perdido.

Então, as profundezas abissais eram tudo, menos próximas do Sol.

É tão estranho achar que o Sol é o Inferno!

A fonte de luz e energia que alimenta a vida seria mais facilmente confundida com Deus como me dizia Ada, a costureira.

Foi então que me ocorreu que nos últimos séculos o corpo, a alegria, a vida no ritmo das estações (como a das bruxas), o desejo e outras coisas naturais foram gradativa (ou violentamente) empurradas para os domínios obscuros de Lúcifer enquanto a vergonha do corpo, a repressão do desejo e a submissão à autoridade dos dogmas passaram a ser determinações de Deus.

Hoje olhamos para a criação de Deus, como o Sol, e vemos nela o mal e a corrupção da carne… Mas como pode a criação ser abjeta ao seu criador?

Dizem que a maior vitória de Lúcifer foi convencer a todos que não existia, mas talvez seu maior triunfo tenha sido o de se vestir de Deus… E nisso concordo com a bíblia: 666 é o número da besta. Ela quer parecer próxima da perfeição (7) e formar uma trindade, mas é um engodo.

É o que vejo quando olho para a Igreja, mas não é o que vejo ao apreciar cristãos como Frei Betto, Boff, Xico e o pastor André. É… Sempre tem uma maçã sagrada no meio das rochas estéreis! ;-)

Imagem: Milton Montenegro