A sabedoria é uma meditação sobre a vida e o sábio pensa em tudo, menos na morte.

Baruch Espinosa

Quando era adolescente eu lia muito, mas li muita besteira e deixei de ler muita coisa boa. Agora estou tentando recuperar a leitura perdida pegando os filósofos e alguns clássicos como Fausto e Paraíso Perdido.
Essa frase ai eu achei fantástica! Espinosa viveu em meados do século XVII e já nos alertava para isso.

Já notou que nossa civilização anda meio mórbida de uns séculos para cá? O pior é que a gente nem nota pois ideias muito antigas acabam entrando no rol de verdades universais.

Imagino que exista em algum lugar uma cultura que ficaria deslumbrada com nossa obsessão com a vida após a morte.

Se alguém da nossa cultura fosse atirado lá e começasse a discorrer sobre nossas teorias a respeito do umbral, Shambala, bônus hora e Paraíso a plateia admirada logo diria que devemos viver em um mundo maravilhoso, perfeito e sem problemas.

– Não! Somos uma espécie cheia de nações, culturas em conflito, guerras econômicas e entre as diversas visões de como é a vida depois da morte! – Diria nosso compatriota estranhamente transportado para aquela outra cultura.

A plateia ficaria, então, atônita e alguém perguntaria

– Ué? Mas se vocês ainda não se entenderam e não terminaram de construir sua vida antes da morte porque se preocupam tanto com a vida depois dela?

É… Talvez seja esse o nosso problema… E talvez por isso eu não lembre de gente como o Frei Betto, o Leonardo Boff ou o Nilton Bonder falar em vida depois da morte, mas sempre da vida agora.