Imagem: 12 Doctors por Eleventh Tenth

Ah! Pode ler sem medo de spoilers!

Daí aquele seu amigo ou amiga que você acha que é uma pessoa interessante ou aquele youtuber / blogueiro diz que Doctor Who e o máximo então você vai e assiste o primeiro episódio?

– Tá de sacanagem with me, né?

– Que treco trash é esse?

Aí você decide dar um crédito de confiança, afinal, né? A pessoa disse que se emocionou com vários episódios, que tem um tal de Blink e um outro com Van Gogh que são episódios ótimos e até ajudam a pensar na vida… Que, aliás, Doctor Who tem intensas reflexões de vida.

Assiste o segundo episódio.

Hummm… Dá uma mexida em nossa perspectiva de vida, né? Aquele tipo de “Puxa? Se for pensar tudo é tão pequeno, o Universo e o tempo são tão vastos…”.

Mas continua sendo trash!

Vamos ao quarto episódio e já aviso ele é casado com o quinto, então tem que ver os dois….

WHAAAAAAAAAT???? Alienígenas que peidam!!!! Não! Definitivamente a pessoa que eu admirava é uma farsa, totalmente imatura ou então estava me trollando! Aliás, trollando o mundo!

Nesse ponto você manda mensagem para a pessoa, deixa comentário revoltado no canal e tudo, só que…

Até que tem uma pontinha de uma empatia estranha que os dois episódios te fazem sentir ou talvez um exemplo de determinação que faz uma parte da sua mente dizer que tem algo de valor ali… Mas alienígenas que peidam???

Já meio sem esperanças você vê o terceiro episódio e aí você tem finalmente a síntese do que é Doctor Who e por que algumas pessoas gostam tanto.

É uma série com uma estética e estrutura trash, mas repleta de histórias que mexem com alguns princípios, valores, exemplos e questões de vida realmente comoventes e universais.

Tão comoventes aliás que, se a série não fosse trash, seria muito difícil de assistir. Do jeito que é já é comum pacas ver whovians (pois é… Os fãs de Doctor Who se autodenominam whovians… Deixa quieto!) chorando a cada quatro ou cinco episódios.

A primeira temporada inteira é um pouco esquizofrênica porque (de acordo com um dos roteiristas) era o relançamento de uma série que fazia parte da cultura inglesa há mais de 40 anos. Eles não sabiam se devia ser uma série para crianças, para adultos que a assistiam quando eram crianças ou para um público totalmente novo. Não sabiam se deviam fazer comédia ou terror. Enfim, estavam tentando acertar a mão.

Certo, mas então o que você precisa saber sobre a série para começar a assistir?

Bem… Precisar, assim precisarrrrr, não precisa de nada, dá para ir descobrindo aos poucos, então pode parar aqui se o que eu disse já lhe parece o suficiente para ir lá conferir.

Se você quer mais pode continuar que não tem spoiler.

O Doctor é um alienígena, um Senhor do Tempo (Time Lord), o último de uma civilização capaz de fazer naves que viajam pelo espaço e pelo tempo, as TARDIS (Time And Relative Dimensions In Space). No caso a TARDIS do Doctor tem um defeito que travou seu mecanismo de camuflagem na forma de uma cabine telefônica da polícia inglesa dos anos 60 do século passado.

O “Who” é uma brincadeira porque ele se apresenta como the Doctor e frequentemente lhe perguntam Doctor Who? Mais um exemplo de como a série tem uma pegada trash.

Ele viaja quase sempre com uma companhia humana, às vezes duas. Geralmente é uma mulher, mas não tem uma tensão sexual relevante entre eles. É mais aquele tipo de amizade sem jogos, com um tipo de pureza e confiança mútua que, por si, já pode ser bem emocionante (e moralmente edificante).

De certa forma as companhias do Doctor são os reais protagonistas da série. É como se a série fosse na verdade sobre o espírito, a natureza humana, o que ela pode produzir de melhor e pior e as companhias estão na série para representar a humanidade.

Talvez você queira saber também que o ator que faz o Doctor é trocado através do que se chama regeneração. Foi uma solução que acharam quando a série se mostrou mais longeva do que os atores. Basicamente, sempre que o Doctor está mortalmente ferido ele pode regenerar se tornando outra pessoa.

Isso é bem explorado como uma oportunidade de criar novas personalidades, construir novas identidades para o mesmo personagem o que também é um exercício interessante nesses tempos fluidos.

Dizendo assim até parece que é a melhor série de todos os tempos!

Bem… Para os fãs é mesmo…

Talvez se torne uma das melhores para você também.

Pelo menos é bem capaz de te proporcionar algumas choradeiras libertadoras de boas emoções.

Mas é trash hahahaha!

Aqui tem o artigo de uma jovem amiga whovian com 10 motivos para assistir Doctor Who (no Web Archive caso o site acabe)