Apesar de ser de 2001 nunca falei aqui nas fábulas fantásticas de Hayao Miyazaki das quais A Viagem de Chihiro, se não é a mais famosa, talvez seja a que agrada a gostos mais diversos.

É uma pena ver essas obras sumindo do mercado brasileiro. Notei que hoje você só pode comprar a saga da corajosa Chihiro junto com Blink Bill, o Ursinho Travesso (que não conheço, mas soa estranho ao lado de Chihiro) lá no Submarino.

A Livraria Cultura tem a capa original, mas informa que a publicação está cancelada: 

Cada obra Miyazaki aborda um tema essencial.

Em A Viagem de Chihiro estamos diante da responsabilidade e do amadurecimento de uma menina pré-adolescente que se vê em um mundo mágico cheio de regras que ela não compreende e seus pais não são capazes de dominar pois… Bem, eles são seduzidos pelos apelos consumistas por assim dizer. Não vou falar mais para não atrapalhar o prazer do filme.

Já disse outras vezes que a arte que eu mais gosto é aquela que me diz algo e não há dúvida que as fábulas de Miyazaki são assim! Mas nem tudo que nos diz algo é arte (nem toda arte diz algo) e nem sempre o que nos faz refletir ou nos prepara de alguma forma para o mundo é boa arte (não me atrevo a revelar o primeiro exemplo que me ocorre!) como é o caso de Babylon 5 cujo valor artístico… bem… Não sei se tem valor artístico ;)

Miyazaki não se satisfaz em ter conteúdo, ele faz arte de qualidade.

O cuidado que ele tem na construção do ambiente mitológico e da fluidez das suas animações é algo que só os especializados nisso podem explicar.

Antes de Chihiro (1997) houve Princesa Mononoke onde a questão ecológica (que passa ao largo em Chihiro) é o tema central.

Em 2004 ele nos trouxe o Castelo Animado que é uma sobre amor. A gente anda muito confuso sobre o amor. Muita gente ainda acha que ciúme é demonstração de amor e não de possessividade e… Veja o filme ;-)

Há uma coisa que me agrada muito em O Castelo Animado: ele parece estar em sintonia com uma visão entre um tipo de visão neo-ultra-romântica e uma contemporânea do amor puro e impossível contra o qual todas as forças lutam e que não pode se realizar. Ele está em Philip Pullman, em seriados adolescentes, em Neil Gaiman e, claro, em literatura mais séria como… A Menina que roubava livros, talvez…

Em minha humilde opinião esses deviam ser os filmes da infância dos jovens que terão a tarefa de consertar os erros das gerações passadas e não, me desculpem, os Harry Potter, Homem Aranha, Shrek e similares (apesar desses filmes não terem nada de similar).

Se queremos dar o melhor aos nossos pequenos humanos temos que prepará-los para o mundo e não distraí-los dele, afinal o mundo chegará de qq forma.

Conheça mais sobre Hayao Miyazaki na Wikipedia.