Recebi um email de uma amiga convocando os contatos dela a se unirem para defender os interesses das TVs por assinatura que podem ser obrigadas a produzir mais material nacional, afinal é mais barato comprar o que já deu certo (ou não) lá fora do que participar dos riscos de investir na produção cultural nacional e dar emprego para pessoas aqui, né?

Para falar a verdade não sei por que alguém se sentiria estimulado a defender essa indústria, deve ser para não ser obrigado a recorrer à prática considerada criminosa de baixar filmes e séries via Torrent.

Bem, não sei por que as pessoas tratam de assuntos de interesse geral por email, mas, apesar de já ter respondido o que acho, vou anexar a resposta que mandaria:

Humm… Televisão… Televisão… Calma, vou lembrar o que era…

Puxa! Vc pegou do fundo do baú! Tô começando a lembrar!

Numa época em que ninguém podia escolher o quê ou quando ver tinha um tipo de rádio com imagens que a gente captava em coisas que pareciam monitores velhos de computador e tinham péssima imagem além de uma programação limitada a uns 11 canais.

Depois veio a tal TV por assinatura, seguindo a elitista tradição brasileira que condena os pobres a péssimos serviços e os ricos a aceitarem pagar resignadamente pelo que o estado deveria prover: a educação é uma merda, mando meus filhos para o exterior, o transporte público não funciona então compro um carro, a televisão aberta é ruim então pago uma assinatura…

Me parece que a única elite é o governo enquanto os ricos são patos e os pobres ratos… Orwell faria uma festa no Brasil! :-(

Se bem me lembro as pessoas pagavam felizes por um serviço sem qualquer respeito pelo consumidor que era obrigado a pagar por pacotes com centenas de canais mesmo que só assistissem três ou quatro, para ter 24h de transmissão quando só assistiam umas duas por dia. E, para piorar tudo, assim como a TV aberta, você tinha que estar em casa na hora do programa ou comprar um dispositivo para gravá-lo pois, é inacreditável, eu sei, mas os programas passavam em horários fixos e não quando a gente solicitava!!!

Logo no começo do século XXI abandonei essa tecnologia irritante passando a ver mais DVDs e coincidentemente foi em uma época em que eu tinha pouco tempo para vídeos pois estava escrevendo e lendo muito (online, claro). A minha pequena necessidade videográfica se resumia a Dr. Who que passava uma vez por semana e, se não me falha a memória, foi interrompido por um ano no final da primeira década do século XXI.

Ah! Teve também uma tal de TV aberta digital… Veio com promessas de permitir a democratização das transmissões abertas e canais comunitários, mas por pressão de cartéis das principais transmissoras, acabou sendo igual à TV não digital, com os mesmos canais, mas com a possibilidade de ver os poros dos atores, uma coisa meio nojenta; felizmente foi natimorta.

Por isso tudo, quando os grupos responsáveis pelas TVs por assinatura se uniram contra a determinação do governo que os obrigaria a produzir mais conteúdo nacional, a única vez que me manifestei foi para dizer que por mim 100% da programação dos canais transmitidos para o Brasil deveriam exibir conteúdo nacional ou relevante para os nossos interesses.