Considerando que considero a arte o combustível da consciência acho que posso dizer que estou à beira do coma! Isso sem falar dos hiatos que deixei passar como Cidadão Kane que não vi até hoje.

Nos meus 18 anos eu ia simplesmente a todos os filmes que entravam em cartaz e comprava a maioria das revistas em quadrinho mais sérias como Sandman, Watchman e, claro, V de Vendetta de Alan Moore.

Somente esta semana assisti a adaptação de V de Vendetta para o telão. E gostei bastante. Vou reler a revista, mas creio que o essencial está lá.

É surpreendente ver uma história antifascista inglesa sendo produzida em um país que tem sido acusado de várias tendências fascistas. Este talvez seja um dos segredos e das grandes qualidades dos EUA: sua capacidade de superar os mais terríveis demônios internos.

Há muito para se tirar de V de Vingança.

Tem uma forma de anarquia bem diferente da despolitização que vemos nas campanhas brasileiras pelo voto nulo. A anarquia de V nos convoca à mobilização e participação política.

Tem uma delicada, mas inteligente, abordagem dos atos de terrorismo (que infelizmente não encontram par no mundo real). Em V não se trata de terror, mas de questionar o poder totalitário estabelecido destruindo seu símbolo máximo e chamando a população para vestir os mesmos ideais. Delicado, né? Entretanto extremamente propício.

Tem ainda a questão coadjuvante que nos faz pensar no que é mais importante para nós. Nos convida a encontrar ideais maiores do que nossa própria vida, afinal ela se extinguirá de qualquer forma, tenhamos feito com que ela valesse algo mais ou não.

No entanto talvez o que mais me agrade é a superação do ódio pelo ideal. Evitarei entrar em detalhes para não prejudicar o prazer de acompanhar o filme, mas atrás de uma vingança há ódio, impulso e obsessão, todavia em V o ódio acaba sublimado em espírito comunitário.

Tenho que escrever sobre isso com mais calma…