Será um desafio falar sobre esse filme resistindo à tentação de revelar a trama, mas pode continuar lendo pois continuarei fiel ao meu compromisso de permitir que você saboreie cada reflexão que ele inspira.

Slumdog Millionaire não é um filme sobre o preconceito contra um rapaz favelado que consegue responder todas as perguntas de um programa de perguntas e respostas, despertando preconceito e desconfiança.

Slumdog Millionaire é uma visita perturbadora ao cotidiano das pessoas que vivem à margem da sociedade em países que estão à margem da civilização como o Brasil.

A primeira pergunta que o filme nos faz é se o rapaz trapaceou, teve sorte, sabia as respostas ou se o destino estava escrito. Esse é o pano de fundo da história. É um belo pano de fundo que transita pelo amor, amizade e perseverança. Uma bela história de vida.

Pensando melhor, talvez para muitos essa seja a trama central do filme e por isso poucos o classifiquem como um filme pesado, muito pesado.

O que você verá em um roteiro impecável de Simon Beaufoy (guarde esse nome) é a história de um garoto muito parecido com os que encontramos aqui mesmo nas ruas e favelas do Brasil e junto com ela a história de uma Índia (ou um Brasil, uma Itália, uma Inglaterra, um Estados Unidos…) que estamos acostumados a ignorar.

Fechar os olhos para os nódulos que impedem que a Terra seja um planeta desenvolvido não é uma forma para resolver nossos problemas.

Nesse sentido Slumdog Millionaire é um filme que aponta para frente ao olhar para o agora sem pudores. É obra obrigatória para quem está vivo.

O final reserva uma surpresa agradável que dá um contraponto otimista que foi a gota d’água para me arrancar lágrimas.