Antes de começar é bom explicar direitinho o meu tipo de ateÃsmo: Simplesmente não vejo sinais de que existam deuses ou que a nossa consciência sobrevive à morte do corpo. Sendo assim não fico pensando muito em como será a minha vida depois de morrer preferindo me concentrar no que deve ser feito e nas ferramentas de que disponho agora que estou vivo. Quando morrer, se não acabar, vejo o que devo fazer :)
Dito isso…
Nosso Lar me emocionou.
Há dois pontos muito fortes na crença espÃrita que tocam fundo no coração de qualquer ser humano que não esteja desesperado a ponto de odiar tudo:
- Assim como no mito da caverna de Platão, a Terra é um lugar onde vão sendo implementadas aos poucos as caracterÃsticas de um mundo espiritual onde a paz, o conhecimento, a compaixão e a harmonia estão a um passo de serem fatos absolutos
- O plano espiritual tem uma organização que impulsiona todos os indivÃduos em direção à compaixão e a uma paz interior que os torna mais puros.
De todas as caracterÃsticas humanas é a pureza e a disposição de ajudar os outros de forma totalmente desinteressada que mais me emocionam e há pelo menos três momentos assim no filme.
Lágrimas me vieram aos olhos.
Do meu ponto de vista religiões são mitologias, mas do ponto do vista dos religiosos elas são reais! São modelos que eles procuram seguir e tem um poder transformador incomparável à mera metáfora dos mitos.
Isso não quer dizer que eu não conheça um monte de espÃritas que são mais rancorosos, intolerantes e preconceituosos que eu, mas, levado a sério (quase ninguém leva sua própria religião a sério), o espiritismo que vemos em Nosso Lar pode nos ajudar a nos tornarmos muito melhores.
Outro ponto importante é que as imagens do cristianismo, adequadas para as pessoas há 2000 anos, não são bem absorvidas pelas novas gerações que acabam se afastando da religiosidade. Enquanto isso o mundo espiritual do espiritismo é capaz de se ajustar a cada época evoluindo junto com a humanidade.
Além disso o espiritismo tem uma coisa que todo bom nerd (e sou um nerd) adora: o mundo é visto como um RPG onde ganhamos pontos de experiência (Bônus Hora) que podem ser convertidos em novas qualidades e até poderes.
Queria dizer tudo que vi de bom no filme antes de dar a minha opinião… Bem… Eu achei meio monótono, provavelmente por ver tudo aquilo como uma mitologia (espero que seja aceito lá assim mesmo). Para falar a verdade, acho que me sentiria meio entediado mesmo que fosse levado para um lugar como aquele depois de morrer.
Me pareceu que tudo lá é muito morno, falta um Jerry Lee Lewis ateando fogo na festa com Great Balls of Fire ;-)
10 respostas para “Nosso Lar (filme) por um ateu”
Muito bom reconhecer a importância da dimensão moral do filme. Afinal, não se trata de uma produção hollywoodiana cheia de velocidade, mortes banais, paixonites, vingança, heroísmo e imposição da supremacia tecnológica.
Jerry Lee Lewis é bom pra caramba! Mas não se preocupe, de acordo com a visão espírita, você vai passar por locais que estejam de acordo com a tua sintonia. Então há sempre chance de dar uma escapulida e “Shakin’ Going On”, rs.
OBS: Se você achou “Nosso Lar” entediante, imagine aquela versão tradicional do céu, com anjos tocando arpas.
Forte abraço!
Hahaha! Nem me fale no céu judaico-cristão! ;) quando eu era pequeno foi uma das coisas que me afastou dessas religiões!! Preferia o Vahala dos nórdicos que está mais para o umbral do que a pasmaceira celeste :)
É bom saber que vai ter um lar para o meu gosto também lá em cima! Mas ainda assim não estou ansioso para saber não ;-) posso viver mais uns 500 anos sem saber como é o plano astral :)
Seu texto me emocionou pela simplicidade e pela forma como vc conseguiu sacar o ponto exato do que o espiritismo-kardecista acredita. Realmente, acreditamos que é possível fazer um mundo melhor pela força dos nossos atos e atitudes e isso cria uma vibração energética capaz de influenciar outras pessoas e de evoluir nossa consciência moral. Impressionante como é bom olhar de fora para compreender melhor. Conheço diversas pessoas na religião que ñ tiveram ainda esta compreensão. Sobre o mundo monótono…rs…relax…há realmente diversas fases disso ai. O filme só abordou uma. A única coisa que me deixou chateada no filme foi o excesso de futurismo no cenário e etc…mas isso é só a tal da sétima arte mostrando seu valor. Não influencia no entendimento da mensagem. E confesso, se, independente das religiões, cada um de nós tentássemos nos aproximar, pelo menos um pouco, deste “modelo” do kardecismo…Ah, como este mundo seria melhor. Bem melhor. Beijos (www.estavaperdidanomar.blogspot.com)
Antes de mais nada, parabéns mais uma vez pelo belo post. Já conversamos outras vezes sobre esse mesmo assunto e nessas oportunidades eu coloquei o meu ponto de vista sobre religião e existência que agora compartilho nesse comentário:
Acho que o ser humano é a obra mais divina de uma ser superior, ponto. Deus, Jeová, Senhor, Arquiteto, seja lá o nome que for, o mais importante que eu acho nessa relação é o legado que você deixa da sua existência fornecida por “Ele”.
É nessa pensamento que entra, na minha opinião, o Espiritismo. Porém, de uma forma menos organizada, menos estruturada organizacionalmente. Quando penso em religião, penso em amor. Não penso em regras, doutrinas, ou métodos. Amo porque amo! Amo porque sinto! E isso, no meu jeito racional de ver, não tem relação com o “Racional”! o.0
O mais importante que vejo no Espiritismo é a igualdade dentro das diferenças individuais de cada ser! Carregamos a natureza da criação dentro de nós e seria muito “pequeno” acreditar que o Universo é mera força do acaso! Afinal, o “Acaso não existe”!
Paz para todos!
Cresci sob influência de minha irmã kardecista, apesar do tio padre e de toda a criação católica. Os motivos podem ser os mesmos que você esboçou acima. O espiritismo parece estabelecer parâmetros palpáveis – dentro do possível e do estudo da crença, naturalmente – para integrar a crença ao mundo “físico” de todo dia. Mesmo não praticante, o conceito me é afim.
O filme sobrevive aos tropeços de produção, pós-produção e atuação, legando mensagens que não necessariamente precisam apegar-se a crenças. Isso é fundamental e emocionante. Pensei, rememorei experiências, sensações e eventos de cunho pessoal que trouxeram lágrimas. Talvez seja o que importa.
Oi Roney!
Parabéns pelo texto!
Existem várias citações nos livros espíritas que dizem que não importa aquilo que você crê mas sim o que você faz pelo seu próximo.
E como você é uma pessoa muito empenhada em ajudar o próximo, mais vale alguém assim do que uma pessoa que crê mas não faz uma palha pra ajudar, como aquela senhora que não queria trabalhar para ganhar os seus “bônus-hora”.
Tenho orgulho de ser seu amigo.
Grande abraço, querido!
Carlos André
Um dos incômodos da direção de arte é que parecia estar assistindo a um lançamento de condomínio gigante na Barra. Quando morrer, não quero ir para Rio 2 ou Alphaville.
:P :)
man você achou monotono né? Mas lembre que era 1930, as coisas devem ter evoluido por lá , devem estar mais interessantes para nossas mentes também em evolução, mas para 1930 aquilo devia ser uma coisa “de outro ” mundo.
Hehe! Verdade… Mas eu achei o filme monótono e não o Nosso Lar que achei até animadinho, tirando as músicas que já me disseram que haveria planos para gostos mais animadinhos também :)
Hahaha! Nem me fale no céu judaico-cristão! ;) quando eu era pequeno foi uma das coisas que me afastou dessas religiões!! Preferia o Vahala dos nórdicos que está mais para o umbral do que a pasmaceira celeste :)É bom saber que vai ter um lar para o meu gosto também lá em cima! Mas ainda assim não estou ansioso para saber não ;-) posso viver mais uns 500 anos sem saber como é o plano astral :)