“Há um bilhão do anos ganhamos a vida”
Pode ler sem medo, não faço spoilers, ok? Se quiser um artigo que conte o filme procure por “spoilers lucy besson” no Google. ;-)
Logo no começo do filme fica claro que não houve preocupação com pesquisa para equalizar o roteiro aos nossos conhecimentos.
Mas o que esperar de uma história que investe no mito do uso de 10% do nosso cérebro?
No entanto isso não é ruim, significa somente que não se trata de uma obra scifi hardcore como Gravidade… Bem, vamos combinar que, por mais realista que a obra seja, sempre tem alguém para apontar erros.
Talvez, pensando nisso, Luc Besson decidiu não perder tempo com ciência e focar no que faz de Lucy um bom filme.
O roteiro tem algo que chama atenção logo de cara: são intercaladas cenas da vida selvagem e até de outra Lucy famosa entre as cenas do filme.
É claro que elas fazem sentido. Por exemplo, se alguém está perseguindo a heroína pode aparecer leões caçando uma corça.
Acredite em mim: a ideia é boa e importante para perceber melhor o que filme quer dizer, ok?
Aliás essa é uma qualidade do Luc Besson, ele consegue dar um certo tom nas obras dele sem usar palavras, só associações de ideias.
O que vi em Lucy é uma jornada sobre o que estamos nos tornando. Será que nosso febril desenvolvimento tecnológico e científico nos tornará menos humanos?
E sobre o sentido da vida? Para que nós servimos? Será que podemos decidir o que faremos da nossa vida, da nossa consciência, da nossa humanidade?
Outras pessoas encontrarão outras reflexões, mas o filme não tem nada de lento ou reflexivo. A ação vai se acelerando e os exageros na verdade são divertidos causando aquele efeito “caraaaaaaacaaaaa!!! A mulher é foooooogo!!!”
Gosto da atuação da Scarlett Johanson e acho que ela encarnou muito bem a transição de uma moça normal que se vê diante de profundas transformações da sua mente.
Há também um personagem que chamou minha atenção, um cirurgião louco que aparece logo no começo feito pelo ator Julian Rhind-Tutt. Vou ficar de olho nele.
Lucy, enfim, é uma obra bem ligada a esses tempos digitais onde tudo parece estar conectado e os fluxos de informação que despencam sobre nós parecem infinitos e nossas cidades são tão apinhadas que já não podemos entender o mundo como antes. Precisamos de novas formas de pensar ou talvez reconquistar as velhas… Essa decisão é sua…
Na pior das hipóteses vale pela frase de sabedoria:
“A ignorância traz o caos, não o conhecimento”