Que filme horrível… Estão gastando uma grana para empurrá-lo, afinal está cheio de propaganda dele em ônibus.
Em primeiro lugar o filme é ruim mesmo, chato, arrastado e deixa em aberto todos os subplots que abre.
Em segundo lugar é escrito por pessoas que são contrárias à liberdade religiosa. O Deus em questão é Jesus e, especificamente, o Jesus católico evangélico (o filme é baseado num livro evangélico). Os outros deuses estão errados e chegam a ser diretamente atacados no filme.
Em terceiro lugar é um desfile de ódio…
Tem o personagem que odeia deus por não ter sido mimado, mas mente dizendo que não acredita em Deus.
Tem o arrogante que quer se considera superior a todos e se coloca como o escolhido por Deus para defender Sua existência (arrogância quase sempre desliza para o ódio ou, pelo menos, desprezo).
Tem o teísta não católico evangélico que odeia a filha por decidir adorar outro deus. Ele chega a bater nela por isso.
Tem a moça que não se ama e busca aceitação primeiro nos outros e depois em Deus… Talvez fosse até melhor que ela procurasse nos outros em vez de procurar em uma divindade criada por ela mesma que, no final das contas, é uma forma de se sentir Deus… Isso não pode dar muito certo… É um ato de orgulho e arrogância. Essas coisas são o contrário do amor próprio.
Além do festival de falta de amor o filme ainda retrata o teísta como alguém intelectualmente debilitado, incapaz construir um pensamento lógico.
A proliferação desse tipo de teísmo foi a primeira coisa que me afastou das religiões.
É claro que há bons teístas, mas eles se retraem cada vez mais deixando espaço para esses teístas cheios de ódio e arrogância. Talvez por terem dificuldade em perceber o que os diferencia…
As pessoas boas “são a maior parte para dentro” e usam suas intuições e revelações para se transformar. As más pessoas “são maior parte para fora” e tentam impor aos outros suas visões particulares de moral, cultura e crenças. Aprendi isso com a Anna… De Alô Sr. Deus, aqui é Anna (Fynn)
Hummm… Talvez seja útil explicar por que eu disse que o filme retrata o teísta como alguém burro.
O filme apresenta os seguintes argumentos para provar que Deus existe (o da Bíblia, lembre-se):
- De acordo com a ciência o Universo surgiu numa explosão como se Deus tivesse dito “Fiat Lux” e pam! Universo! Exatamente como estaria na Bíblia. Bom, não é exatamente, né? E a Bíblia erra na ordem que as coisas surgiram no Universo (a Terra teria sido criada antes de todo o resto).
Mas mesmo que fosse como está na Bíblia não há lógica em atribuir isso a Deus. É o velho Deus das lacunas. Um dia vamos descobrir o que causou o Big Bang e, se não for Deus, então ele estará um pouquinho mais morto… Não é ai que devemos procurar Deus e sim em nossa própria consciência, em nossas emoções e no que queremos ser no futuro. Aliás isso está na Bíblia. Dito por Cristo… Quem leu a Bíblia sabe ;-) - O segundo argumento que o filme apresenta é aquela misturada de evolução com a origem da vida:
Segundo a ciência teria havido uma explosão de vida repentina e veríamos que, se reduzíssemos 0s 3,8 bilhões de anos de história da vida a um dia os primeiros 90 segundos seriam a tal explosão da criação divina… Só que não, né?
Na verdade demorou mais de um bilhão de anos para surgirem células mais complexas. Isso não é uma explosão rápida de vida… Talvez o roteirista tenha matado as aulas de biologia e confundiu com a explosão de vida do Cambriano há somente 530 milhões de anos.
Para o ateu ou agnóstico o argumento é ridículo e denota a falta de conhecimento da pessoa. Para o teísta que não é ignorante deve ser ofensivo. - O argumento final é um lugar comum tão batido que só pode ter entrado no filme por preguiça dos roteiristas: o professor ateu tem raiva de Deus.
Para o teísta, profundamente envolvido em sua percepção de mundo e com dificuldade em criar empatia pelos outros, é inconcebível alguém não crer em Deus, então o outro deve ter raiva de Deus.
Realmente há muitas pessoas que mentem para elas mesmas dizendo que não acreditam quando, na verdade, passaram a odiar a divindade pois sempre tiveram uma relação infantil com ela esperando que seus desejos de criança mimada fossem atendidos.
No entanto, em um filme que pretende provar que Deus vive, é um argumento totalmente in?til.
Tá, então eu, ateu e agnóstico, vou mostrar que Deus não morreu e que Ele existe, aliás que vários Deuses existem. Alguém tem que fazer isso direito, né?
Desista de procurar Deus no Cosmos. Se ele está lá nossa ciência está muito, muito, muito longe de encontrá-lo.
O primeiro passo para encontrar Deus é ser humilde e admitir que não sabemos muitas coisas: não sabemos o que produziu o Universo, não sabemos o que existia antes, nem como ele terminará. Também não sabemos exatamente como a vida surgiu (ainda que tenhamos uma boa ideia) e nem se ela veio aqui da Terra mesmo ou de outros planetas (o seriado Cosmos com o Neil deGrasse Tyson fala nessa hipótese).
Também não adianta procurar por Deus nas antigas religiões pois, por melhores que fossem as intenções delas as pessoas na época eram muito mais ingênuas e ignorantes que nós e, se alguma divindade tentou se explicar para eles, certamente não teria como ser bem entendida.
O caminho para Deus está em seu coração. É lá que começa a viagem para mergulhar na vocação da fé. Aliás Jesus Cristo falou isso e provavelmente há algo semelhante em toda tradição religiosa.
A maioria de nós tem uma “sensação” de Deus, de que devemos ser mais do que só um monte de carbono, água, ferro e outros elementos. Que nossa consciência não é algo tão frágil e diáfano que surgiu conosco e se desfará quando morrermos.
Essa sensação nos faz ter gratidão pelo que veio antes e responsabilidade pelo que virá depois.
Deus está vivo quando nos voltamos a Ele para buscar um alvo utúpico para nos tornarmos melhores, para termos mais consciência de nós mesmos, para amarmos os outros quanto mais diferentes de nós eles forem em vez de ter medo ou ódio que é o sentimento natural diante da ignorância ao deparar com o novo.
É uma pena que sejam poucos os teístas que procuram um desafio pessoal em Deus e tantos que o usam para impor sua própria moral e ego aos outros… Esses são os verdadeiros assassinos de Deus.
Fui catar a reação de religiosos para ver se eles também se incomodaram em ser retratados como arrogantes e ignorantes… Pelo jeito a maioria concorda com o filme.
Outras críticas:
Esses caras fizeram em vídeo o que fiz escrito (morri de rir):
Esse cara procurou criticar o filme, sem se preocupar com o teor religioso: