Açaí com banana..
Um cansaço ligeiro nas pernas me faz lembrar o tempo todo que estou de pé em uma esquina de Copa depois do por do sol. As cidades ficam mais sensuais de noite, ao contrário das florestas que se enchem de mistérios e ruídos e lembram velhas sinistras com suas poções e histórias que as crianças contam umas para as outras.
As esquinas noturnas das cidades são sensuais e pulsam uma vida diferente daquela das horas corridas cheias de luz.
As colheradas de açaí vão me distraindo enquanto aprecio uma mulher chegar para comprar frutas no ambulante. Um homem gentil e solícito com os traços no rosto de gente do campo e na voz a maciez da humildade.
Não é uma mulher jovem, é até uma senhora, mas o corpo magro e de curvas generosas surpreende tanto quanto o vestido leve para uma noite de solstício de inverno.
Para muitos hoje é o natal… A energia do verão se foi totalmente, desgastada ao longo do outono e agora, no início do inverno, surge a primeira semente tímida do verão que virá. A deusa acaba de dar a luz à estação das luzes que crescerá lentamente ao longo do inverno.
Na esquina nem o fruteiro, nem a mulher e nem os velhos moradores que vagueiam sem rumo pensam nisso.
– Este caqui aqui está ótimo, dona… Ah! É durinho que a senhora quer… este aqui então!
O homem poderia estar falando com uma freira, parece não perceber ou não se importar com a mulher que atrai olhos compridos dos homens à volta.
– Toneleiros? Olha, é depois desse túnel, mas não atravessa por ele não, viu? Pega aquela rua ali e vira na primeira à esquerda… é, a Santa Clara!
E lá vai a dona. Mamilos endurecidos sob o vestido sem soutien, franjinhas da saia acima do meio das coxas, quase uma minissaia.
Ainda está ao alcance dos olhos quando o fruteiro, quase falando com os próprios botões…
– Que coroa gostosa!
Sorrindo em concordância um dos homens pergunta “e minha fruta?!”
– Pera ai homem! Primeiro tinha que atender a dona, né? E olha, tem bunda, viu? Muita menininha por ai…