“No alto da árvore da cabala, Kheter, a coroa, rege sobre a essência de todas as coisas”

Ele não lembra de onde vem essa ideia, mas não pode tirá-la da cabeça enquanto fixa os olhos no outro que jorra das janelas.

Algumas pessoas ainda caminham furtivamente pelas ruas imersas na noite profunda saindo de bares, chegando para o serviço noturno.

Ninguém o nota, invisível para todos os olhos embora alguns narizes se torçam ao cruzar o vento que o soprou delicadamente. Só o vento é delicado com ele.

Suas roupas fedem, seus sapatos não têm mais sola desde que chegou à cidade caminhando atrás de um sonho.

E lá estava, bem diante dele, o que tanto sonhara! O calor e a alegria das ilustres construções da cidade grande.

Do lado de lá das janelas, ele tinha certeza, havia uma magnífica lareira, mesas cobertas de taças de vinho e gente, muita gente rindo e falando das coisas belas da vida.

Para ele no entanto havia apenas aquele negro obscuro precipício ladeado pelos rubros pilares estendendo-se até a boca faminta da catedral de riquezas apenas sonhadas.

Atualizando em 2020: Este post era ilustrado pela imagem A entrada para 1920 originalmente enviada pela Crib Tanaka para o Flikr. Essa imagem se perdeu e não lembro qual era.