Ele vai andando pela rua, move braços e pernas seguindo um compasso desastrado. O olhar perdido no horizonte faz parecer que há uma intensa atividade mental escondida no jeito de andar alheio a tudo, até parece que é a rua que passa por ele e não ele que passa pela rua.

Mera impressão… Seus pensamentos são opacos como seus olhos, erráticos como seu gingado, é um zumbi até que chegue ao seu destino e a TV ou um colega de trabalho invoque seus pensamentos convidando-o a pensar. Neste exato momento, enquanto cruza o limbo de ligação entre um ponto e outro do seu destino ele não passa de um saco vazio tão consciente quanto um vegetal.

O pior é que, ao redor dele, nas calçadas apinhadas de gente, somos quase todos espelhos refletindo-o de tão semelhantes.