Sentado na mureta do quebra-mar tão imóvel quanto uma estátua.

O vento intenso sopra seus cabelos longos amarrados em um rabo-de-cavalo fazendo-os se espalharem arredios atrás dele, totalmente alheios às lágrimas que escorrem dos seus olhos, mas são lágrimas frias.

Enquanto elas traçam um caminho tortuoso em seu rosto firme e rude, mas belo, há de se admitir, mesmo cheio de dor e pesar. Enquanto elas seguem nada nele revela a qualidade da sua dor, a causa dela ou mesmo se é dor, pode ser apenas efeito do vento frio nos olhos bem abertos que fitam o mar adiante enquanto são cortados pelo vento impiedoso do outono.

O mundo, que até então estivera em câmera lenta, retorna à sua velocidade normal e passa veloz como sempre do outro lado da janela do carro deixando aquele homem e sua história perdidos no tempo e no espaço.