Qual é o sentido da vida?

Alguém falou nisso logo na primeira aula da manhã, mas que raio de pergunta era essa?

Sentido tipo em que direção ela vai ou tipo significado? Ela realmente queria saber.

Ela preocupada com as provas de física, matemática e de costumes e culturas dessa semana e um grupo de alienadinhas na maior filosofia barata de “sentido da vida”. Caralh… Ela nunca tinha pensado nisso e não sabia por que estava pensando agora.

Qualquer resposta que ela inventasse não mudaria o fato do pai dela trabalhar meses sem aparecer em casa, da mãe estar sempre ocupada nas fábricas de montagem e ela ficar zanzando descalça (pelo mero prazer de sentir o metal do chão contra seus pés nus) meio sem destino até chegar sem querer na área de carga onde ficava observando os rapazes suados, alguns sem camisa.

“Não sei por que estou esperando fazer 18 anos para sumir no mundo… Dois anos é muito tempo para ficar pegando pó num canto!”

E o sentido da vida, que nunca tinha significado nada para ela ficava ribombando em sua cabeça como uma viga de aço solta chocando-se com as anteparas.

O barulho ensurdecedor das cargas sendo jogadas por enormes braços-robô abafavam qualquer ruído, mas ela também achava silêncio em um quarto fechado onde se ouvia apenas o zumbido distante dos motores.

Naquele lugar a vida não tinha sentido, no sentido de direção. Nada ali ia a lugar algum, tudo permanecia naquele ponto exato. Poucos chegavam e menos ainda saiam do vasto campo de módulos metálicos com mais de 200Km de corredores interligados.

Para a maioria ali o sentido da vida era preencher os intervalos do trabalho com bebida alcoólica, pornografia, delírio religioso (ou não religioso), jogos ou qualquer outra forma de entretenimento idiota.

De vez em quando faziam de conta que eram humanos, principalmente os jovens, e se perguntavam sobre o sentido da vida, para Sária V. Krueger tudo se resumia a isso. E ela ainda não tinha 17 anos…