Graças ao horário de verão o sol continua castigando o solo e nossas cabeças embora os relógios apontem para as 14h, alias indicam já que agora são digitais e não apontam mais nada.

Com fome recorremos à lanchonete do posto (que não aparece aqui pois não pagou pelo espaço!) e descobrimos o que Dante queria dizer quanto falou do calor que emanava do inferno!

Lá dentro as máquinas que fritam, aquecem, grelham e batem produzem um calor e um vento gorduroso que parece nos abraçar quando entramos.

Depois do choque inicial nos acostumamos, a gente se acostuma a qualquer coisa hoje em dia, talvez tenhamos sido sempre assim, afinal os europeus não se acostumaram aos ratos que todos acham que causaram a peste negra? Quem diria que eram os piolhos das pessoas, e não dos ratos, os maiores responsáveis… Pois é! Nossa espécie se acostuma…

Ah! Esses devaneios que não me deixam! Voltemos para a lanchonete!

Em frente o balcão vai atendendo bem lentamente as filas curtas, mas demoradas. Do lado direito umas cadeiras, gente andando descalça com os pés enegrecidos e as unhas sujas, crianças espalham seus brinquedos pelo chão, duas máquinas de flipper esperam algum adolescente e sua fichinha, a criança de colo que chora, os cabelos endurecidos de sol e sal marinho do casal, ele barrigudo, ela com o olhar cansado de dona de casa.

Em algum lugar lá atrás existe uma salinha do point do surf indicada por uma setinha, não fui ver. O cenário ali mesmo já era fascinante!

Saimos carregados de sanduíches e bebidas para os outros que nos esperam cheios de fome.

Do lado de fora, livres do calor profundo o dia parece até fresco, a brisa da praia sopra suave, os carros importados desfilam pela avenida litorânea da meca consumista, a Beverly Hills brasileira, refúgio suposto da nossa alta burguesia.

Quem diria que essa é a cara do povo da Barra da Tijuca?