Nunca canso de me surpreender com os traços de mata virgem que se escondem entre nossas ruas. Há momentos que sinto como se toda a força da vida de Gaia fizesse o chão sob os meus pés oscilar lentamente como se flutuasse sobre um vasto oceano.

Parei e bebi um suco de melancia. Puxei papo com o caixa. Ele não sabia ainda que tinham invadido o senado, mas ficou feliz. As histórias da selva de pedra parecem afastar definitivamente qualquer resquício de caapora ou saci-pererê.

Sigo meu caminho cortando as ruas molhadas em minha bicicleta (para transformar 40 minutos de trânsito em 20 minutos de agradável passeio) até chegar a uma longa ladeira onde me deixo levar mantendo os olhos fechados por quase dez segundos por vez.

Ali no meio de uma grande cidade me vi cercado pelo cheiro agradável de mata virgem e terra molhada, de poças de lama, de cascas escorregadias e com limo sob grandes folhas de onde escorre o líquido cristalino que fertiliza a nossa mãe Terra.

Quando olhamos de baixo para o nosso mundo nos enchemos de desesperança e até parece que nossas cidades conseguiram a proeza de apagar a realidade substituindo-a com árvores de metal e morros de concreto e tijolos, mas isso é só mais um dos nossos delírios! Deixe o mundo por conta das Deusas e no espaço de um suspiro as verdes matas estariam de volta.