Aviso: se você tem menos de 18 anos, apesar de estar cansado ou cansada de ler ou pensar nessa coisa desde os 11 anos de idade, não leia esse post pois ele fala dessa coisa que, por algum motivo estranho, é mais proibida do que violência, ódio, inveja e maldade: sexo.

 Estou caminhando pela rua no meu caminho de sempre entre a minha casa no Bairro Peixoto e o colégio que fica perto da Belford Roxo. É um dia quente de verão e dá vontade de pegar um táxi, mas aos 16 anos a gente não tem grana para essas cosias né? Assim mesmo olho com aquele olho compriiiido para um táxi que passa.

Mesmo sem ar condicionado (os carros nessa época só tinham aquecedores que se aproveitavam do calor do motor) seria bom pegar um vento no rosto.

O táxi passa direto, mas… Bem, sabe essas horas que o mundo fica meio esquisito e as coisas que acontecem parecem que são um sonho? Então… Um chevete cinza parou do meu lado e o motorista – um cara descabelado com uns trinta anos e jeito de professor de história – me chama lá de dentro oferecendo uma carona.

No banco de trás tem um cara mais velho, meio careca no topo da cabeça, tem jeito de ser rico e distinto, nota-se até pelas roupas. E do lado dele tem uma menina, adolescente como eu.

Ela é linda! Os cabelos castanhos bem claros, desgrenhados e meio secos pelo sol forte do Rio, vestida em um short jeans desfiado e uma blusa de malha. Tudo isso dá a ela um jeito de liberdade totalmente diferente do meu cotidiano.

Olho para o motorista e digo francamente que “Isso não é convite que se faça! Fico entre ir para o colégio onde tudo vai ser igual a ontem e o mesmo de amanhã ou entro no seu carro para viver algo que nunca vou esquecer…”

Ele ri com um jeito simpático e dá de ombros; a decisão é minha… Entro pedindo para me deixarem no colégio, mas é óbvio que não vamos para lá, né?

Sento no banco da frente e vamos seguindo pelo túnel da Pompeu Loureiro adentro. É muito estranho estar entre pessoas que simplesmente vivem a vida dispostas a conhecer sempre alguém novo acreditando que a maioria das pessoas é legal. Bem, eles estão certos… Eu realmente não lhes ofereço nenhum perigo, nem eles a mim. Eu só quero fugir da minha rotina, eles querem viver a falta de rotina deles.

A menina na verdade deve ser um pouco mais velha que eu pensei, uns 19 anos talvez, mas ainda tem o brilho nos olhos e os trejeitos dos 16 anos.

Logo que entro no carro ela se estica lá de trás me perguntando se tenho certeza que quero ir para o colégio… Ela segura meu rosto e mergulha seus lábios nos meus tocando minha língua com sua língua fria… Ou talvez seja eu que esteja mais quente do que o normal! Minha mão encontra seu pé descalço entre os bancos e nos esquecemos por alguns minutos entre carícias. Meu coração parece que está batendo em um peito oco!

Acabamos em uma bela casa na Gávea, uma varanda enorme com vista para o mundo lá em baixo. Pouco abaixo tem uma piscina onde a menina e o outro cara conversam rindo animadamente.

A gente tem uma sabedoria diferente na adolescência, né?

Viro para o professor de história (na verdade acho que ele não faz nada além de ter uma herança e gostar de ler) e pergunto se eles são casados, ele e a menina.

“Não eles dois que são, faz um mês”

Quem diria… O cara rico e a menininha… Assim mesmo não parecia que havia dinheiro envolvido na paixão deles… O que os unia mesmo eram um tesão enorme um pelo outro, pelo menos é o que eles disseram mais tarde. O cara então parecia um guerreiro romano cheio de virilidade segurando o pau sobre as calças enquanto falava da paixão.

Eu tinha pensado em falar com eles que o sexo perde a força, mesmo que a gente continue tendo tesão porque a vida das pessoas é muito mais do que prazer físico, mas quem era eu para destruir a simplicidade dos dias deles tão cedo? E vai que eu estava errado? Que eles não estavam fugindo da chatura dos dias iguais que eu mesmo tinha que enfrentar? Talvez eles fossem mesmo espíritos livres, forças da natureza selvagem plantadas entre nós humanos para nos lembrar dos prazeres simples!

Só sei que a tarde foi maravilhosa, nunca mais os vi, voltei à minha rotina no colégio, me formei, estagiei, trabalhei… Mas acho que fui contaminado por eles e nunca vivi a rotina do mesmo jeito, ela sempre me reserva algum mistério a desvendar, alguma novidade que sempre esteve lá, mas eu não via antes!